— Terminei de arrumar o pneu, ufa.
O motorista Márcio se levanta, guarda suas ferramentas e entra no ônibus.
Quando ele entra, vê o grupo olhando fixamente para o bebê, que retribui o olhar com desconfiança. Márcio acha a cena engraçada e diz:
— Se continuar encarando, vão acabar assustando o bebê. Sentem-se, estamos partindo.
— Gusta, cuida do bebê enquanto isso.
Todos se sentam. Gusta coloca o bebê no assento ao lado do seu, onde Yuto estava sentado. Indignado, Yuto se levanta e se pendura na cadeira:
— Esse bebê já me expulsou do meu lugar, mais moral que eu!
O ônibus parte.
Depois de um tempo na estrada, o grupo todo adormece. De repente, o ônibus freia bruscamente, acordando Gusta, Yuto e Ayzen. O motorista sai e diz:
— Fiquem aqui, me deem um minuto. Já volto.
Márcio desce do ônibus e entra em uma loja de carpintaria. Ayzen cutuca Alu:
— Ei, Alu, acorda. Algo está acontecendo.
Alu, ainda grogue, pergunta:
— Uai? Cadê o motorista?
— Ele está ali conversando com a recepcionista — responde Ayzen, espiando pela janela.
Gusta e Yuto se aproximam da janela, curiosos. Yuto, carregando o bebê, se junta ao grupo e diz:
— Que foi? Ele tem cara de curioso?
Todos soltam um suspiro de deboche, enquanto Alu, curioso, diz:
— Vamos descer e ver o que está acontecendo.
— Ele disse pra ficarmos aqui, Alu — argumenta Gusta.
— Ele disse pra vocês, eu tava dormindo — rebate Alu, já indo em direção à porta.
Ayzen se levanta:
— Já passou mais de dois minutos, tô indo com Alu.
— Vamos, Yuto, não temos escolha. Leva o bebê também — suspira Gusta.
Eles descem do ônibus e entram na loja, tentando não chamar atenção. Yuto, cansado de carregar o bebê, coloca-o nas costas de Alu, que tropeça e quase cai. O motorista, desconfiado, percebe algo e vai investigar. Ayzen, rápido, puxa Alu para longe, mas o bebê começa a chorar, entregando todos.
— Eu não disse pra esperarem no ônibus? — o motorista fala com uma expressão séria.
— Culpa do Alu! — diz Ayzen.
— Culpa do Ayzen! — rebate Alu, segurando o bebê.
O motorista suspira, pega o bebê e o leva até a atendente.
— Essa é a criança de quem eu estava falando.
Yuto se aproxima e, olhando para a atendente, pergunta:
— Quem é essa princesa?
— Ela é minha filha — responde o motorista, sério.
Gusta puxa Yuto para o lado, tentando consertar a situação.
— Desculpe por isso. Mas o que estamos fazendo aqui, afinal?
O motorista entrega o bebê para sua filha e explica:
— Esta é Melry, minha filha. Ela tem 23 anos. Pedi que cuidasse do bebê. Decidi adotá-lo, mesmo sem ter condições. Vou criá-lo como se fosse meu, e dar a ele a vida que sua mãe queria.
— Vamos voltar para o ônibus. Tenho que levar vocês até a cidadela.
Melry segura o braço do pai.
— Você vai levá-los até a cidadela? É perigoso. O que vão fazer lá?
— Estamos em uma missão. Não posso dar mais detalhes — diz Gusta, com um peso na voz.
O grupo volta ao ônibus e segue para a cidadela. Quando chegam ao portão, o motorista vira para o grupo, visivelmente nervoso.
— Garotos, vai ser difícil entrar. O que quer que aconteça, sigam em frente. Se não sobrevivermos, digam à minha filha que a amo.
Todos ficam tensos. Gusta apenas acena com a cabeça, entendendo o recado. O motorista engole em seco e acelera em direção à cidadela deserta.
De repente, uma horda de canibais emerge das sombras, correndo atrás do ônibus. O grupo olha pela janela e vê criaturas com a pele desfigurada, cinza, manchada de sangue. Eles são rápidos, fortes, sedentos de carne. O teto do ônibus começa a tremer com os canibais se atirando sobre ele, quase bloqueando o caminho.
O motorista, percebendo que não vão conseguir passar, toma uma decisão arriscada:
— Alu, venha aqui e segure o volante. Não perca o controle.
— Volta aqui, motor! Eu não sei dirigir! — grita Alu, desesperado.
O motorista pega um sinalizador de uma maleta e vai até a saída. Antes de pular, diz:
— Garotos, não vamos conseguir. Alu, prometa que não vai parar. Diga à minha filha que a amo.
Ayzen e Yuto tentam segurá-lo, mas um canibal derruba Ayzen. Outro canibal agarra Yuto, e Gusta soca a criatura para afastá-la. Ayzen luta para segurar o canibal em cima dele.
— Alguém me ajuda! — grita Ayzen.
O motorista corre para ajudar, mas é mordido no braço pelo canibal. Com o braço sangrando, ele corre até a saída e se sacrifica, saltando do ônibus.
Ayzen corre até a porta, incrédulo, tentando usar sua magia. Gusta o segura.
— Não podemos, Ayzen. Ele se sacrificou para nos dar uma chance. Não desperdice isso.
Todos se reúnem na porta e assistem, horrorizados, enquanto o motorista é devorado vivo pelos canibais. Membros são arrancados, e de repente, sua cabeça sem vida é arremessada para o chão. O horror preenche o coração de todos.
Alu, possesso de raiva, levanta-se e começa a conjurar magia de gelo, criando estacas para atacar os canibais. Mas Gusta o impede, com magia de fogo.
— Não podemos, Alu! Isso vai comprometer nosso disfarce. Ele morreu por nós. Não deixe o sacrifício dele ser em vão.
Yuto, nervoso, pergunta:
— Se o Alu está aqui, quem está no volante?!
Todos correm para o volante, e Yuto assume o controle.
— Yuto, você sabe dirigir? — pergunta Alu.
— Relaxa, sou profissa em Fórmula 1! — responde Yuto, confiante.
Eles seguem em frente, mas uma barreira militar aparece no caminho. Todos gritam:
— FREIA, YUTO!
Yuto pisa no freio, mas o ônibus capota em frente à barreira.
— Pegamos os intrusos — diz um militar pelo rádio.
Com os militares apontando suas armas, um deles avança e grita:
— Saiam com as mãos para cima!
Sem outra opção, eles obedecem.
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