– Segunda-feira –
[Aplicativo de mensagem]
DAVI: Oie
SAYURI: Mandando mensagem?
DAVI: Sim, kkkk
SAYURI: O que rolou? Caso difícil?
DAVI: Sim, uma pessoa desapareceu e querem minha ajuda.
SAYURI: Mas você disse que ia parar com isso!! (;・`д・´)
DAVI: Só que agora eu preciso retribuir um favor para um conhecido.
SAYURI: QUEMQUEMQUEM?
DAVI: Lembra daquela época da facul?
SAYURI: ... Sério?
DAVI: Agora tem um menino com o sobrenome Fernandes... ó_ò
SAYURI: !!!SÉRIO!!!
SAYURI: Entendi...
SAYURI: Eu vi ele naquele dia!
DAVI: Sim, eu sei.
SAYURI: Traga ele aqui no bar! Vou te contar mais detalhes!
DAVI: Você escondeu algo da polícia?!
SAYURI: NÃO ESCONDI NADA!! Só não contei.
DAVI: Mas para mim vai?
SAYURI: Ah, você é meu amigo!
DAVI: Beleza, a gente marca. (^o^;
SAYURI: Você vai esquecer.
DAVI: NÃO VOU!
SAYURI: VAI!
DAVI: (︶^︶)
SAYURI: ('・ω・')
– Sexta-feira –
[Taverna da Rua Barker]
"Sabe, outro dia mandei uma mensagem para ela dizendo que iria entrar no caso, e ela se ofereceu para aprofundar o que já sabemos", explicou Davi a Miguel, enquanto se sentavam em frente ao balcão.
Sayuri era como a brisa suave de primavera, calma e reconfortante. Ela logo pegou uma xícara e preparou um café para seu amigo, acrescentando: "Sim, eu estava aqui no dia do desaparecimento, como vocês sabem. Agora que o Vi está no caso, quero colaborar no que for possível."
Enquanto Sayuri falava, Miguel percebeu algo curioso. "Vi?! Que Vi? O Davi?", pensou, mal segurando o riso. Era difícil imaginar alguém chamando Davi por um apelido tão meigo, mas ele rapidamente voltou a prestar atenção na história, percebendo que o assunto era mais sério do que parecia.
"Cof, cof... Obrigado pela disposição. Pode começar do início?", respondeu Davi, envergonhado, mudando bruscamente de assunto enquanto cutucava as costas de Miguel com o dedo.
Sayuri então serviu um cappuccino para Davi e uma água para Miguel. Começou a narrar o que aconteceu naquele dia com uma voz leve e doce: "Tá bom. Naquele dia, eram umas 17 horas quando eu estava trabalhando e ele chegou ao bar. Eu fiquei aqui no balcão na maior parte do dia, mas ele se sentou ali em uma das mesas. Ele tinha uma expressão preocupada no rosto, visivelmente ansioso, movendo-se de forma inquieta." O semblante dela ficou mais sério. "Bom, não demorou muito para que um homem se juntasse a ele. Esse homem era firme como uma montanha. Ele estava usando um terno preto e um chapéu inclinado, que escondia os olhos sob uma sombra, além de uma máscara cobrindo parte do rosto."
Enquanto Davi pegava o bloquinho e começava a anotar, Sayuri sentia o peso da tristeza afundando em seu peito, como as águas escuras de um lago profundo. Ela continuou: "Eles se cumprimentaram, mas não consegui ouvir o nome do homem. Foi algo rápido, talvez começasse com... um W? Sim, acho que era um 'W'. Vou então chamá-lo de 'Sr.'W. Eles se sentaram e começaram a conversar. Falavam baixinho, então não deu para ouvir muito, mas o professor parecia ainda mais nervoso."
Ao ouvir Sayuri se referir ao seu pai como "professor", Miguel levantou a sobrancelha. Mas continuou ouvindo a história enquanto bebia um gole de água.
"Quando passei pela mesa, consegui captar algo... Ele sussurrou algo como: 'Sabe que preciso daquelas informações que você está estudando...' Ele evitava falar perto de mim." Assim, ela finalizou sua história, e Davi terminou seu café.
Entretanto, ela estava visivelmente mais tensa. Ao virar de costas para limpar as xícaras, Davi não se conteve: "Sayuri, agradeço por sua ajuda, mas você precisa terminar a história. O que aconteceu depois?"
Percebendo que ela escondia algo importante daquele dia, Miguel não se conteve e bradou, com os olhos arregalados: "VAMOS LÁ! Eu preciso da sua ajuda! Eu preciso saber onde está meu pai..."
Davi entendia o que ele estava sentindo e, colocando a mão no ombro de Miguel, com sua voz rouca, tentou acalmá-lo: "Calma, relaxa, garoto." Então, virou-se para Sayuri com olhos gentis. "Não se esqueça de que sou seu amigo." Ele falava com a força de uma tempestade.
Ela pareceu se sentir mais segura e, mesmo relutante, de cabeça baixa, murmurou: "Ah... é que, quando o professor saiu, o Sr.W veio até o balcão, me olhou e acrescentou: 'Senhorita, você ouviu algo? É melhor guardar. Você não pode me encontrar, mas eu posso te achar em qualquer lugar.'" Com os olhos lacrimejantes e a voz fina, num tom choroso, ela continuou: "Eu vi seus olhos! Eram profundos e misteriosos. Fiquei muito assustada, por isso tentei ao máximo esconder os detalhes durante o interrogatório." O medo corria por sua espinha como um rio gelado, paralisante.
Ao terminar de ouvir a história, Davi e Miguel se entreolharam, e Sayuri limpou o rosto, começando a relaxar. Miguel abaixou a cabeça, os pensamentos rodando sem parar, como um redemoinho difícil de conter. Davi começou a refletir sobre as novas informações que haviam conseguido. "Agora temos mais uma pessoa suspeita na lista. Sayuri foi uma das últimas a vê-lo antes do desaparecimento, então é bom saber o que ele conversou com os outros. O que o professor estava estudando?", pensou.
"Sayuri, me desculpe mais uma vez. Vamos indo agora. Podemos falar mais depois", Davi disse, guardando o bloquinho e se preparando para ir embora.
"Obrigada por me ouvirem. Espero que o encontrem", Sayuri respondeu. Mas, quando estava prestes a se despedir, Miguel, num salto, perguntou: "Você estudou com meu pai?!"
"Hum..." Sayuri hesitou, desviando o olhar para um canto do bar antes de continuar. "Eu... não sei bem o que dizer."
As pessoas e funcionários ao redor pararam de conversar. "Vamos nessa, Sayuri. Obrigado", disse Davi, percebendo o desconforto dela e decidindo não pressionar mais, enquanto segurava Miguel pelos ombros e o levava para fora.
Assim que saíram do bar, o silêncio entre eles era quase ensurdecedor, como as ruas vazias de uma cidade deserta e fria, com os sons da metrópole abafados pela tensão que pairava no ar. Miguel tinha seus pensamentos longe, pesados demais para serem ignorados. Eles caminharam lado a lado, como se cada passo fosse uma contagem regressiva até o inevitável questionamento que Miguel não conseguia mais segurar.
"Então, você conhecia o meu pai, não é?" Com um tom questionador e visivelmente nervoso, ele encarava o rosto inexpressivo do detetive.
"Por que pergunta isso agora?", Davi respondeu, enquanto pegava um cigarro do casaco e acendia. A fumaça do cigarro subia lentamente no ar, como uma névoa fina serpenteando-se nos seus pensamentos confusos.
Miguel franziu a testa. "Ela se referiu a ele de um jeito próximo...", disse com a voz vacilante, com o olhar fixo em Davi, esperando uma confirmação. Ele fez uma pausa, respirando fundo, sua voz tinha toques de frustração. "Ele não ia lá, pelo que sei. Você... e ela são amigos há muito tempo? Foram para a mesma escola?"
"Faculdade. Ela é uns 4 anos mais nova que eu. Provavelmente, não seríamos amigos na escola hehe...", rebateu Davi, num tom irônico, enquanto continuavam caminhando pela calçada.
"Você o conhecia também?", Miguel perguntou, tentando controlar a voz, mas o tremor era perceptível. Conectando os acontecimentos, ele teve uma epifania, como o momento em que o céu cinza de um dia nublado se abre para deixar a luz do sol passar, trazendo clareza ao caos.
"Por isso deixou aquele recado..." Miguel respirou fundo, tentando encontrar as palavras certas, mas a angústia crescia dentro dele. "Davi... você sabe onde ele está, não é?" O tom de sua voz agora era de puro desespero, como se a resposta fosse a única coisa que poderia aliviar o peso que ele carregava.
Davi ficou de frente para ele. Embora mais novo, Miguel era mais alto e forte, alguém intenso com suas emoções. Davi afastou o cigarro da boca. Fitou o asfalto, demorando alguns segundos para responder. A fumaça do cigarro subia lentamente no ar, enrolando-se como seus pensamentos. "Não sei...", começou, com a voz mais baixa do que o habitual. "Mas..." Ele hesitou, observando Miguel com o canto do olho, como se considerasse o quanto devia dizer. Antes que pudesse continuar, Miguel o interrompeu, segurando seu pulso e sua paciência se esvaindo. "Você sabe por que ele desapareceu, não sabe?!"
"Uhm..." Davi balançou a cabeça lentamente, como se estivesse processando algo difícil de admitir, afastou-se de seu aperto e a fumaça parou pois o cigarro havia caído no chão, assim ele apagou o resto do fumo com o pé e completou: "Precisamos descobrir quem era o homem com ele no bar. Você vai falar com a Dona Jurema, e eu vou falar com o Sr. Costa. Depois, vamos juntos falar com o Dr. Vieira", disse ele, enfatizando com sua voz rouca habitual.
"Não vai me responder?" A voz de Miguel era quase um sussurro, cheia de incredulidade. O silêncio que se seguiu foi pesado, apenas o som distante dos carros preenchia o vazio entre eles. "Sério?", insistiu, agora com raiva crescente. Ele deu um passo à frente, o corpo tenso, como se esperasse que uma resposta pudesse resolver tudo. Davi, por outro lado, permanecia impassível, olhando para o horizonte, como se estivesse em outro lugar, longe daquela conversa incômoda.
"Até quando vai esconder isso?" Sua voz era melodiosa, mas carregada de angústia naquele momento.
"... Faça perguntas pertinentes e anote as respostas para não se esquecer." Davi pegou o bloquinho de anotações que havia usado na Taverna da Rua Baker e o entregou. "Aqui, pode pegar meu bloquinho e caneta. Pergunte sobre as ligações, estudos recentes, pessoas suspeitas com nomes começando com 'W', o que ele poderia estar fazendo na universidade e se algo estava estranho com ele no dia do desaparecimento."
Miguel ouviu, mas parecia distraído, ainda imerso em pensamentos. Davi então perguntou:
"Há algum motivo para quererem o professor morto?" Miguel apenas deu de ombros, indicando que nem ele sabia a resposta.
"Aaah... Beleza, nos encontramos no escritório em 3 horas. Dá tempo, não? Ainda é cedo. Vou te enviar o endereço. Você vai ao escritório de advocacia dela, e eu ao consultório psiquiátrico", disse Davi, já se preparando para ir.
"E o doutor?", Miguel perguntou, com uma expressão fechada.
"Vou marcar uma reunião na casa dele à noite para fazer algumas perguntas. Bem, até mais", Davi se despediu, já se virando para ir.
Miguel, no entanto, permaneceu imóvel, olhando para o bloquinho como se pesasse uma decisão. Ele sentia que algo estava errado, que Davi estava omitindo algo importante. "Por que você não me contou a verdade de uma vez?", murmurou, sua voz baixa, mas cheia de frustração.
Davi parou. O detetive virou levemente a cabeça, sem olhar diretamente para Miguel, e respondeu com uma voz quase inaudível: "Porque não sei se é certo. Afinal, depois disso não terá mais volta."
Miguel sentiu um calafrio percorrer sua espinha. "O que você quer dizer com isso?", perguntou, agora com a voz trêmula, os olhos fixos nas costas de Davi.
Houve um longo silêncio. Então, Davi, sem se virar, murmurou: "Talvez seu pai… só não queira ser encontrado."
Essas palavras ecoaram como um trovão na mente de Miguel. Ele ficou paralisado, o coração disparado, enquanto Davi se afastava lentamente. Miguel, agora sozinho, encarava o bloquinho, sua mente girando com mais perguntas do que respostas.
"Sr. W... Quem é você e o que você quer do meu pai?", sussurrou, seus dedos apertando o bloquinho com mais força.
Continua...

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