Me devolva!
Calmaria antes do furacão
Ainda no banco de trás carro podia-se ouvir a música alta da boate ecoando pelas janelas, Sachiko agora apertava as cochas carnudas da mulher mais velha com a ponta de seus dedos enquanto mordia seu pescoço, deixando marcas vermelhas. Naomi não entendia o porquê, mas estava claro que os movimentos da mulher mais nova estavam mais crus e brutos que o normal, no inicio ela não se importou, mas com o passar do tempo às pequenas mordidas prazerosas começaram a incomodar e depois a doer.
-Murakami san... – Ela chamou-a pelo nome, na tentativa de fazê-la parar, mas era como se a mulher de cabelos negros estivesse em um frenesi, presa em seu próprio mundo enquanto movia sua mão agressivamente por entre suas pernas.
-Murakami san!-
A respiração de Sachiko estava pesada enquanto ela movia suas mãos rapidamente, sua cabeça estava em outro lugar naquele momento, era como se inconscientemente estivesse descontando toda sua frustração e raiva no corpo de Naomi, que após mais uma mordida forte, não suportou mais esse tratamento.
-Chega!- Naomi disse empurrando-a para longe, surpreendendo a mulher mais nova, que a observou com clara confusão expressa em seu rosto.
-O que?- Sachiko respondeu claramente irritada por ser interrompida.
-Como o que? Você estava me mordendo como quem morde um bife mal passado! O que tem de errado com você?!- Naomi disse se levantando também irritada, mostrando-a as marcas vermelhas em seu pescoço. –Antes estava “desanimada” e agora me morde como um cachorro louco, qual é o seu problema?- Sachiko observou as marcas de dentes em silencio se sentindo culpada.
-Me desculpe Naomi san...Eu...Não sei o que anda acontecendo comigo.- A mulher respondeu desconcertada. -Há um limite entre a dor e o prazer, até os masoquistas sabem disso. E eu tenho uma reputação a zelar, eu não posso sair por ai toda marcada desse jeito!- Naomi disse enquanto se levantava do banco, desamassando seu vestido. –Eu pensei que a essa altura não precisaríamos ter esse tipo de conversa, espero que isso não se repita, estamos entendidas?-
-Sim senhora. - Sachiko disse com a cabeça abaixada se sentindo desanimada ao evitar olhar nos olhos de Naomi, que suspirou e a segurou pelo queixo obrigando-a a olhar para ela mais uma vez.
-Acho... Que essa noite é você quem precisa relaxar, vamos para minha casa, eu comprei ótimos óleos de massagem e sais de banho.-
-E.. Eu acho melhor não. Acho que hoje eu já decepcionei pessoas o suficiente por hoje. – Disse Sachiko ainda se sentindo envergonhada. Naomi riu.
-Nem tudo entre nós precisa ser sobre sexo, sabia? Vamos, eu insisto. Lá podemos tomar um banho quente juntas e conversar um pouco pra tirar esse seu stress. -
Sachiko definitivamente não era do tipo de se abrir para falar dos seus sentimentos, e muito menos gostaria de fazer isso nesse momento, mas, no entanto recusar esse convite após o ocorrido seria um pouco demais, então ela acabou suspirando e aceitando o convite, talvez um pouco de mimo fosse tudo o que ela precisava naquele momento.
-Se você insiste... – Naomi se aproximou e beijou-a na testa.
-Não fique assim por minha causa, é preciso muito mais do que algumas mordidas para me machucar de verdade. -
Era tarde quando ambas chegaram na mansão e Aiko já havia ido dormir já faz um tempo. Naomi puxou um cachecol para esconder as marcas no pescoço ao descer do carro e pediu para uma de suas empregadas preparar seus sais de banho, coisa de gente rica, pois ela era perfeitamente capaz de fazer isso sozinha, mas mesmo assim tinha o costume de pedir ajuda dos outros para satisfazer seus pequenos caprichos domésticos.
Sachiko suspirou fundo enquanto se perguntava que tipo de relação ela tinha com essa mulher e se ela seria capaz de corresponder as suas expectativas ou se ela daria alguma espécie de chilique caso um dia ela tivesse essas expectativas traídas. Talvez ela reagisse bem, talvez não, mas no fundo ela não sabia, afinal ela aprendeu muito bem que as relações humanas podiam ser imprevisíveis até para pessoas que se conheciam a muito tempo.
Ao olhar para o lado ela reparou em Naomi, que estava fumando um cigarro enquanto olhava para o céu escuro em silencio. - ...Você fuma bastante. -
-Ajuda a tirar o stress- Naomi sorriu.
-Sua vida deve ser bem stressante então. -
-Você não faz ideia... –
-Tenha cuidado com a saúde. -
-Huh. Eu corro mais riscos de saúde se falhar no meu trabalho do que se fumar cinco maços por dia, minha querida. Uma mulher tem que se provar cinco vezes ou mais para ser tolerada no meu ramo de serviço. -
Sachiko riu. -Eu imagino. –
A luz do quarto do segundo andar se ascendeu, e depois de alguns poucos minutos a empregada estava ofegante diante de ambas, subir e descer aquelas escadas correndo exigia muito da pobre mulher.
-O banho... Esta pronto, senhora. –
-Excelente. Vamos Murakami san.-
Naomi seguiu na frente, subindo a escada seguida em silencio por Sachiko. Chegando no quarto Naomi pegou duas taças de vinho e encheu-as, dizendo para a mulher mais nova entrar na banheira primeiro.
Apesar do banheiro ser luxuoso por si só o cheiro que vinha da água era a coisa a coisa mais incrível dali, Sachiko tirou suas roupas e entrou na banheira espaçosa aos poucos, sentindo a água quente e espumosa relaxar cada fibra do seu corpo cansado. Naomi entrou no banheiro logo em seguida e colocou as duas taças de vinho em uma mesa próxima a banheira.
-Espero que a água esteja do seu agrado. – Ela sorriu ao observar a expressão de relaxamento no rosto agora avermelhado da mulher mais nova.
-A água está perfeita. -
-Você ainda não viu nada... - Naomi então entou lentamente na banheira, se sentando ao lado de Sachiko, passando suas mãos ensaboadas sobre seus ombros, massageando-os, a mulher mais nova se surpreendeu com o toque e se afastou um pouco.
-Calma, não precisa ficar tão tensa. Por hoje eu quero apenas que você relaxe um pouco. –
A sensação de incomodo foi rapidamente sendo substituída por relaxamento conforme as mãos de Naomi passavam para suas costas.
-... Então? Como vai a vida?-
-Repetitiva, como sempre.- Ela suspirou- Minha única novidade agora é o trabalho na boate...Inclusive você poderia ter me avisado que se tratava de uma boate para mulheres.-
-Ora, e qual graça isso teria?- Naomi riu- A vida é feita dessas pequenas surpresas. Algum problema? É isso que esta te incomodando?–
Sachiko parou um pouco para formular o que falar. – Não eu... Apenas não sabia que existiam tantas pessoas quanto nós em um só lugar. Acho que isso que me deixou um pouco chocada e ansiosa. – Naomi suspirou fingindo que havia acreditado em tudo.
-Hm. Entendo- Seus dedos fortes agora massageavam o pescoço e os cabelos da outra mulher, causando uma estranha sensação de excitamento, que se espalhava com rapidez pelo seu corpo.
-Apesar de que, cada uma deve ter uma historia diferente para contar em seu horário comercial, todos merecem se divertir um pouco após o serviço... Assim como nós.-
Sachiko começou a sentir arrepios correndo pela sua espinha causadas pela massagem que estava começando a se tornar sensual.
-P-Porque você faz isso comigo?-
-Isso o que?-
-Essa... Coisa toda. Vinho, esse banho de espuma – Sachiko gaguejou sem saber se explicar bem- Porque eu quero. Acredito que todos precisamos de um pouco de mimo de vez em quando, principalmente pessoas como nós. Você me trata muito bem, Sachiko, o conceito pode ser novo para você mas o nome disso é reciprocidade. – Sachiko gemeu baixinho ao sentir os dedos finos da mulher passar por entre seus cabelos.
-Sei que não é de falar muito, mas se precisar de alguém para conversar, estarei feliz em te ouvir. -
-Hm, só não sei se tenho confiança em você o suficiente para isso no momento- Naomi deu um sorriso desanimado- Eu imagino que ainda não, confiança é algo que se constrói com o tempo. Mas enquanto isso não acontece ao menos podemos nos aproveitar da companhia uma da outra, hm?- A mulher mais velha abraçou-a pelas costas, acariciando os seios voluptuosos de Sachiko com seus dedos-.
-Hm... Naomi eu pensei que... -
-Shhh... Apenas relaxe, deixe que eu tome conta de você por hoje. Eu irei viajar em breve, vou sentir falta disso. - Sachiko apenas concordou com a cabeça, desistindo de fazer resistência e se entregando ao prazer proporcionadoo pelas mãos outra mulher.
-Posso não poder abraçar seu coração pesado, mas pelo menos posso abraçar seu corpo... Hm? -

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