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Rastros de Silêncio

XII. Rastros de um passado

XII. Rastros de um passado

Jun 30, 2025

This content is intended for mature audiences for the following reasons.

  • •  Abuse - Physical and/or Emotional
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– Domingo –

[Universidade Luminares: Tarde da noite]

Davi e Miguel saíram da sala de arquivos, exaustos. Haviam passado horas revirando documentos, tentando juntar as peças do mistério envolvendo o desaparecimento de Raziel. No entanto, tudo o que encontraram foi uma pesquisa adulterada, possivelmente ligada a Breno Vieira e à sua clínica. O mistério parecia se expandir em várias direções, mas as respostas continuavam distantes. Ambos se sentaram em um ponto de ônibus próximo. Miguel, percebendo o cansaço de Davi, sugeriu: “Acho que é melhor irmos para minha casa.”

Davi apenas apertou as têmporas, exausto.

“É mais perto. Você pode dormir no meu quarto, e eu durmo no do meu pai. Amanhã cedo a gente segue para a clínica.”

Davi concordou, cansado demais para questionar. Esperaram o ônibus, que os levou até a casa de Miguel. Ao chegarem, ele trancou a porta e acendeu as luzes, dizendo ao convidado: “Bem-vindo! Vamos fazer um pequeno tour, beleza?”

Miguel levou Davi para conhecer a casa, cômodo por cômodo. Começaram pelo corredor que conectava os ambientes à sala de estar com sofá e televisão, à cozinha e à sala de jantar, aos três quartos, aos dois banheiros e ao escritório de Raziel. Cada canto estava repleto de luz, decorações e objetos pessoais da família: Miguel, sua irmã e seus pais. O ambiente era acolhedor, mas Davi sentia uma estranha sensação de desconforto, como se estivesse invadindo algo íntimo e caloroso demais.

Quando terminaram, Miguel pegou uma lata de cerveja da geladeira e ofereceu a Davi, que recusou. O rapaz então serviu um copo d'água para ele e se jogou no sofá.

“Vamos recapitular o que sabemos. Estamos investigando a clínica do Breno. Isso é óbvio. Mas o que, exatamente?” perguntou Miguel, abrindo a latinha.

“As anotações falam sobre 'alterações de documentos, ocultação de informações de criminosos e álibis em consultas na clínica', mas não temos muitos detalhes.” disse Davi, apoiando os cotovelos no braço do sofá.

“Estamos supondo que é o Dr. Breno porque ele é o único médico conhecido. Mas o que realmente aconteceu com ele?” Miguel questionou.

“Não está claro. Mas... isso é perigoso.” rebateu o detetive, que parecia cansado, mas cuja curiosidade ainda superava o sono.

A conversa foi interrompida por passos leves se aproximando. Eloise apareceu na porta da sala, com seu cabelo curto em estilo underlayer castanho e loiro, e uma franja que emoldurava seu rosto triangular. Seus olhos eram alaranjados, e ela usava um moletom amarelo largo, shorts jeans e meias coloridas. Ao ver os dois, não pôde conter a curiosidade: “O que vocês estão tramando?” perguntou, cruzando os braços.

“Nada que te interesse.” respondeu Miguel, suspirando fundo como se só de olhar para ela já se irritasse.

“Se fosse 'nada', você não estaria me escondendo!” Eloise estreitou os olhos, se jogou no sofá e se colocou entre os dois.

“Oi, quem é você?”

Davi foi pego de surpresa pela garota e ficou sem resposta.

“Eloise Fernandes, irmã desse cara.” ela mesma se apresentou, sorrindo.

“Prazer, Eloise. Eu sou o Davi Cardoso.”

Ela o olhou de soslaio e disse, piscando: “Ah… então, isso tem a ver com o sumiço do papai, né?”

Davi olhou para Miguel, observando sua reação. Mas o outro apenas apertou as bochechas da irmã. Era óbvio que esses dois tinham uma boa relação e que Miguel sabia que ela não ficaria em seu aperto por muito tempo.

“Vocês acham que ele foi atrás de gente perigosa?” perguntou ela, ao se soltar do irmão, olhando diretamente para Miguel.

Ele desviou o olhar, visivelmente desconfortável, e murmurou: “Pode ser.”

Eloise ficou em silêncio por um momento, mas logo voltou a atenção para Davi.

“Você e meu irmão... são só parceiros de investigação, né? O que fez você virar detetive? Ele fala muito de você, sabia? Já conhecia meu pai antes de tudo isso? Sempre foi tão sério assim?”

“O que isso tudo tem a ver?” Davi arqueou a sobrancelha

“Curiosidade.”

Antes que a conversa continuasse, Eloise bocejou e olhou para o relógio na parede. Levantou-se e foi na direção de seu quarto. Era hora de dormir. Mas, antes de sair, se virou para eles.

“Seja lá o que vocês estiverem planejando, tomem cuidado.” disse, se espreguiçando antes de desaparecer pelo corredor.

Quando ela saiu, Miguel ficou pensativo, os olhos fixos na latinha em suas mãos. Davi notou o silêncio repentino.

“O que foi?” perguntou.

“Eu nunca te perguntei isso antes, mas... como você conheceu meu pai? Ou por que escolheu essa carreira e tal?”

Davi desviou o olhar e respondeu com um sorriso sarcástico: “Ah... é uma longa história.”

“Eu quero ouvir.” declarou Miguel.

Houve um momento de tensão. Davi esfregou as mãos, visivelmente desconfortável, mas concordou.

“Minha mãe, Helena Cardoso, veio sozinha para a cidade quando era jovem. Saiu do interior da Paraíba com uma mala velha, buscando emprego, uma vida nova... aquelas coisas que a gente procura quando se é jovem.”

“E foi aqui que ela conheceu seu pai?” interrompeu Miguel, se inclinando no encosto do sofá, curioso.

“Foi. Ele era um mulherengo, cheio de conversa e sem compromisso. Ela se envolveu com ele e... bom, eu fui o resultado. Antes mesmo de eu nascer, ele já tinha sumido. Foi embora como se nunca tivesse existido. Deixou minha mãe sozinha para me criar.”

Miguel balançou a cabeça, desaprovando.

“Que merda, hein...”

“É. A vida com ela não foi fácil. Tínhamos pouco dinheiro, muito pouco. Ela trabalhava como costureira e virava noites costurando. Mesmo assim, sempre arranjava um jeito de sorrir pra mim, contar uma história ou deixar eu ver um filminho antes de dormir. Sempre foi forte e gentil.”

“E vocês se dão bem hoje em dia?”

“Sim. Depois que cresci e ela decidiu voltar pro interior, a gente se fala sempre. Todo dia, se der. Ela sempre me apoiou. Inclusive...” Davi o olhou nos olhos e continuou, com um leve sorriso triste: “...quando eu me assumi, aos dezoito. Foi um alívio. Não sabia o que esperar. Crescer num lugar simples, com gente de mente fechada, não é fácil. Mas ela me aceitou numa boa.”

Miguel sorriu. “Dá pra ver que vocês têm uma conexão bonita.”

“Temos. E ela sempre soube que eu era meio... diferente. Desde pequeno, eu adorava filmes de mistério. ‘Os Sete Suspeitos, Janela Indiscreta, O Falcão Maltês’... Eu pirava nesses filmes. Tentava adivinhar o final antes dos personagens.”

“Clássico.” Miguel riu baixinho.

“Aos quinze, li ‘O Mistério no Museu Imperial’. Foi quando a obsessão ficou séria. Comecei a pesquisar casos por conta própria, fuçava fóruns, passava horas lendo teorias sobre várias bizarrices. A internet ainda era um lugar mágico naquela época. Parecia que tudo era possível.”

“Você sempre teve esse lance com mistério, né?”

“Desde que me entendo por gente. Mas nem tudo foi filme e livro. Na juventude, conheci um cara.”

Miguel ficou mais sério.

“Ele se chamava Nero. Charmoso, rebelde, despojado... parecia o pacote completo. Eu era bobo, caí na lábia dele. Mas ele era controlador e abusivo. A relação durou uns quatro anos e deixou marcas físicas e psicológicas.”

Michael olhou para as luvas de Davi.

“Nas mãos?”

Davi assentiu.

“É por isso que eu uso essas luvas. Não é só 'estilo'. São cicatrizes. Lembranças de um período que eu preferia apagar. A relação terminou quando ele foi acusado de roubo. Eu juntei provas e entreguei tudo pra polícia. Ele foi preso. E foi ali, na delegacia, que conheci o professor.”

“O seu futuro mentor?”

“Sim. Ele foi um dos primeiros a ver potencial em mim. Disse que eu deveria ir pra faculdade. E eu fui. Fiz dois anos de Criminologia. Depois, abri meu próprio escritório. Uma salinha modesta, em cima de uma loja de R$1,99, ao lado de um consultório odontológico. Não era glamouroso, mas era meu. E foi ali que comecei, resolvendo casos pequenos. Um sumiço de cachorro aqui, um adultério ali...”

Miguel sorriu e brincou: “E foi assim que surgiu o detetive Davi Cardoso.”

“Mais ou menos.” Davi riu baixo.

“Você nunca pensou em manter contato com ele depois de se formar?”

“Achei que não precisava. Ele já tinha feito muito mais por mim do que meu próprio pai.”

Miguel percebeu que algo havia mudado naquele momento. Não era só o modo como Davi falava, mas uma conexão mais profunda. Sem pensar demais, com o coração batendo forte ao ver Davi ali, vulnerável e adorável, ele respirou fundo e disse:

“Davi, eu acho que... gosto de você.”

Davi arregalou os olhos, surpreso com a confissão desajeitada.

“Ah, droga! Não precisa responder agora. Eu só... senti que precisava te falar.” Miguel riu, sem graça.

Davi desviou o olhar, levantou-se e foi para o quarto que Miguel havia mostrado mais cedo. Uma parede de gelo foi erguida lá. Ele apenas disse:

“Boa noite pra você.”

Sem esperar resposta, Miguel ficou parado no sofá, suspirando, com as grandes mãos cobrindo o rosto. Amanhã iriam juntos à clínica. Mas, de alguma forma, ele sabia: a investigação não era a única coisa caminhando para um desfecho, fosse ele feliz ou não.
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