-Agora só não deixe passar. -Zack balançou mais uma vez a cabeça e concordância. Estava quase dormindo em pé a sua porta, mas recebeu um pequeno papel em sua mão, de bom grado. -Só leia.
Viu a garota de cabeça raspada sair de seu gramado, e entrar em um carro prata. Levantou a sobrancelha para a visita súbita de Marie e voltou para dentro da casa. Puxou mais uma vez o moletom pelas pernas, e analisou o cartão em sua mão.
-Que merda é essa? -Seu lábio estava levantado em uma careta.
Era um cartão de visitas, e escrito estava "Flores de Marte" em letras enfeitadas, e dois números de telefone embaixo. Ele virou o cartão e se surpreendeu com um pequeno bilhete grampeado. As letras redondas lhe diziam:
Você deveria ser sincero mais vezes. Se arrume, até as 10h. Na frente do Ma Coco's.
Por Laís Santina.
Quando percebeu estava lendo pela sexta vez o pequeno bilhete. Um tapa em seu ombro lhe fez olhar para a realidade, e então seus pensamentos voaram a mil.
-Tá tudo bem? -Seu pai passou por si, seguindo em direção a cozinha.
-Nem eu sei. -O sorriso no rosto de Zack, fez o mais velho também repuxar os lábios.
-Quem era aquela garota? -Ao ouvir isso o rapaz olhou para o pai e abanou a mão.
-Ela não pai. -Ele saiu da frente do outro, correndo pela casa em direção ao andar de cima.
-Tem um "ela"?
Zack se limitou a entrar em seu quarto, sem responde-lo, se trancando como antes de ser chamado incessantes vezes por seu pai para atender a porta. Viu seu celular e se assutou com as horas, eram 9:30am, e ele apressousse ao entrar em um banho rápido.
-Tô saíndo pai, vou ver uns amigos. -Escutou a resposta positiva do mais velho e quando estava quase saindo pela porta de sua casa, seu telefone tocou. Seu rosto modelou-se para um sorriso.
-Adivinha quem estou indo ver. -Zack disse mais rápido do que a pessoa que fez a chamada.
-Hey Zack. Adivinha quem convidamos hoje para a praia? -A voz na ligação o fez parar meio caminho da entrada de carros, com o rosto franzido, o coração em um disparo.
-Laís? -Ele soprou o susto e escutou a risada lhe mangar. -Mas ela me pediu para encontra-la agora no Coco's.
-Bem, parece que vocês tem um encontro bem longo hoje. Mas eu liguei só para lhe dizer que traga uma sunga. -O pescoço do rapaz se torceu para o lado.
-Como assim?
-Ah, como a sunga? Sei, lá, uma bem sensual. Põem o seu melhor pra jogo. Até. -E então a ligação se encerrou no ouvido do mais velho.
Confuso era pouco, mas não superava o nível de nervos que subiram em seu sangue. Ele voou de volta para sua casa, quase atropelando seu pai na passagem, o que fez i mais velho reclamar por ter chegado perto de derrubar sua cerveja e seu prato no chão.
Quanto mais ele a observava mais se sentia atraído, quanto mais esperava mais ansiava. Era noite e ambos estavam aguardando a chuva passar para seguirem seus rumos, porém nunca pensaram que aquela eletricidade iria os atingir com tanta força, apenas por estarem no mesmo cômodo. Não estavam tão próximos, mas sentiam a presença pesada um do outro, era sufocante e excitante.
Zack tinha acabado de chegar ao colégio, quando se sentiu ser arrastado para um dos cantos do colégio. Suas costas foram pressionadas nas paredes de um dos corredores. De relance viu um cabelo ruivo, mas teve os olhos cobertos em dois segundos, e a voz ao seu ouvido lhe contou:
-Você está me devendo uma revanche, por isso me encontre no pátio de skate. –O arrepio que os lábios lhe fizeram, foi o suficiente para lhe sorrir.
Suas mãos procuravam os braços da outra, e quando ele conseguiu se livrar do aperto, a observou com graça.
-Pensei que era um jogo mata-mata. –A voz baixa do outro fez a menina estreitar os olhos e se soltar das mãos dele.
Zack foi rápido e a puxou para seus braços, a segurando pela cintura. Eles se olharam por um segundo e então os beijos foram inevitáveis. Mateus do outro lado do corredor poderia jurar que havia chegado o dia dos milagres.

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