DIEGO
" Uma menina que flutua… Que maneiro! "
Chegando à mesa de Kelly, Baltasar lhe faz uma pergunta:
— “Senhora, poderia nos dar um minuto da sua atenção?”
— “Senhorita, no caso. Mas sim, posso.” — ela responde.
— “Gostaríamos que nos contasse mais sobre sua investigação de um objeto mágico, o jarro esquisito.” — eu digo a ela.
— “E quem são vocês?” — ela pergunta.
— “Somos do DS. Quer dizer, seremos se passarmos nesse teste.” — eu respondo.
— “Ah, então vocês são os inscritos para o novo projeto de recrutas.” — diz Kelly. — “Bem, posso falar sobre o meu caso para vocês.”
— “Vamos começar do começo. Estávamos recebendo alertas no Bairro Dois de Julho, então fui mandada para averiguar.” — ela faz uma pausa e continua com uma expressão séria. — “O que vi não foi nada legal: pessoas pequenas, animais e objetos também nesse estado. Concluí que isso era consequência do uso indevido de um item mágico.”
— “Como solucionou esse caso?” — eu pergunto a ela. — “Depois de desfazer o que foi feito às pessoas, usando as runas certas, colhemos seus depoimentos. Eles nos apontaram para Jéssica Oliveira.” —
“E como exatamente eles a apontaram?” — pergunta Baltasar.
— “Disseram que era uma mulher baixa usando um moletom com a estampa “QUE SE DANE”, de olhos verdes e cabelo azul.” — ela faz uma pausa e, com um gesto de ombros, continua: — “E que ela flutuava… então foi beeem fácil encontrá-la.”
Ela então aponta para uma foto em seu quadro:
O que vemos é uma imagem, tirada por um celular, da garota flutuando…
— “Maneiro… não é todo dia que vemos isso, mesmo” — eu digo, surpreso.
— “Não. Como pode imaginar, várias testemunhas a viram, e foi muito difícil rastreá-las e apagar a memória delas” — ela diz, com um suspiro.
— “Como vocês apagam memorias, com runas?” — pergunto, com curiosidade.
— “Sim, escrevendo as runas certas, parte das memorias podem ser apagadas.”
— “Legal.” — digo.
— “Voltando ao assunto. Queremos saber o que fazia no dia que o objeto desapareceu.” — me dirijo a mulher.
— “Bem…” — ela faz uma expressão pensativa — “Me lembro que nesse dia tive folga, passei o dia com minhas filhas e meus gatos.”
— “Poderíamos falar com uma das suas filhas para comprovar o álibi?” — pergunta Baltasar.
— “Ah, sim.” — ela pega o celular e nos mostra o número da filha. De cara, reparo no nome do contato: “Arruaceira”. Que engraçado, escapa uma risadinha. — “Ah, deve estar rindo do nome do contato. Essa é uma das rebeldes, sabe?”
— “Ah, siiim entendo.” — respondo.
— “Isso é tudo. Muito obrigado pela sua cooperação.” — diz Baltasar
— “De nada, espero que encontrem quem roubou o item.” — responde Kelly
Saímos da sala e nos olhamos.
— “Bem, parece que esses dois têm álibis sólidos. O que achou deles?” — pergunta Baltasar.
— “Hmm…” — penso um pouco e respondo: — “Os dois têm álibis, mas ainda temos que checá-los. E não acho que devemos descartar o Hugo, ele tem mesmo uma obsessão por estátuas. Você reparou na mesa dele?” — pergunto.
— “Sim, estranho né?— responde Baltasar.
— “Mas então, voltamos e contamos o que descobrimos ou continuamos? — pergunta Baltasar.
— “Acho que podemos voltar, se você quiser.”
— “Acho melhor. São só dois, então não confundir os depoimentos.” — responde Baltasar.
Quando estávamos indo em direção à sala onde o resto do grupo se encontrava, fomos parados por uma mulher:
— “Ah, oi…” — ela faz uma pausa e estende a mão: — “Então, sou da divisão de classificação de objetos mágicos. Por acaso, ouvi vocês conversando. Vocês são da DS, certo?”
Nos olhamos confusos. O que ela quer conosco?
— “Ah, sim, somos. Por que a pergunta, senhorita?” — diz Baltasar.
— “Eu acho que posso ter presenciado uma coisa bem importante para vocês.” — a garota responde.
— “Então, nos diga.” — digo a ela.
— “Bem…” — ela faz uma pausa: — “Eu vi meu colega de divisão entrando na sala dos objetos depois do expediente.”
— “Conte-nos tudo.” — digo com uma expressão séria.
BALTASAR
“Mas não é que descobrimos algo”
— “Então…” — ela faz uma pausa: — “O Léo, do meu departamento, andava meio estranho, sabe? Mas o que me fez ficar desconfiada dele mesmo foi no dia em que eu estava fazendo hora extra. Quando arrumei tudo, saí da sala e estava batendo meu ponto, o vi saindo da sala dos objetos. Não parecia ter nada nas mãos, mas vai saber, né?”
— “Conte mais sobre o comportamento estranho dele.” — diz Diego.
— “Ele andava perguntando demais aos outros sobre seus trabalhos. Ele nunca foi de se importar com isso, tipo ‘Como está o objeto que você está catalogando?’, como se procurasse por um específico, sabe?”
— “Entendi, então você acha que ele estava atrás de um objeto?” — pergunto a ela.
— “Bem, não é que eu tenha certeza. Mas, na minha opinião, tenho uns 80% de certeza que sim.” — ela responde.
— “Entendo. Obrigado por sua informação. Iremos anotá-la.” — digo a ela.
Então ela vai embora, mas, quando estava um pouco longe de nós, vira para a gente e fala:
— “Espero que isso os ajude!” — e faz um sinal com a mão, apontando para nós.
E então ela estende a mão e uma folha vem em nossa direção.
Nós nos entreolhamos desconfiados, será que devemos confiar nela?

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