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Marfim, Linho e Alabastro

Capítulo 4

Capítulo 4

Nov 15, 2025

Sua mãe não deu as caras, ele nem conseguiu se surpreender. Abraçou Brenda e seu pai com força antes de ir receber o diploma. Teodoro e Vincent gritavam do outro lado da plateia junto a Soledad quanto anunciaram seu nome. Aquele evento era sobre os formandos e ele se recusava a permitir que sua mãe estragasse. Chorou, gritou, jogaram os chapéus para cima, abraçaram-se e depois de se livrar dos parentes foram todos para o bar como combinado. 

Se comportavam relativamente, porque aquele bar expulsaria qualquer um mais animado, mas ainda gritavam e comemoravam periodicamente entre as mesas. Os funcionários riam, pedindo que contivessem o tom um pouco, e a sanidade de Andrew não duraria muito mais com tanta cerveja. 

— Ei, Andy. — Kelly se debruçava ao lado dele sussurrando. — Tem um gato te secando naquela mesa lá do canto. — Fez menção de virar a cabeça. — Não olha, porra, ele vai notar. Disfarça! 

Todos riam ao redor, coçando orelhas e conferindo subitamente seus sapatos para descobrirem quem estava de olho em Andrew. Ele foi mais esperto, se levantou e foi ao banheiro como desculpa, assim não havia como pensarem que ele notara. 

Teve que usar todos os anos de aula de teatro no ensino médio para manter expressão impassível rumo ao banheiro. Numa das mesinhas da área VIP para ex-alunos estava ninguém mais, ninguém menos, que Cayden White. Não olhava para ele, conversando com outros dois ex-alunos na mesa, mas pareceu notar sua presença.

Matou um tempo trancado na cabine por precaução e depois foi lavar as mãos e o rosto. Devia estar se confundindo, claro, só podia ser algum outro ruivo. Advogados tinham clubes próprios de ex-alunos, raramente apareciam naquele bar. Sim, alguém como Cayden não frequentaria aquele lugar e ainda menos com a farra de formandos acontecendo. Respirou fundo, disse ao espelho que tinha bebido demais e voltou para mesa. Ignorou o tal gatinho ruivo pelo resto da noite, porque Kelly insistia que o sujeito o olhava com frequência. 

Normalmente Kelly e o namorado o levavam para casa quando bebia tanto, mas eles sumiram em algum ponto da festa e era tarde demais para Andrew estar sóbrio. Ao fim, quando o bar os expulsara para poder fechar, Andrew sentou na sarjeta com alguns amigos que pediam carros por aplicativo tentando ligar para Teodoro. Não tinha mais um centavo na conta, o pai era irritante demais sobre o crédito e só restava contar com os amigos naquelas horas. 

Naquela noite em especial, Teodoro se recusava a atender. Um a um todos foram seguindo seus caminhos e Andrew ficou numa rua escura com o celular em mãos. Péssima ideia. Bufou se levantando e chutou o vento antes de começar a andar. Não morava tão longe dali, caso estivesse sóbrio o suficiente para lembrar o trajeto ou como andar em linha reta. Xingaria Kelly pelo abandono outra hora. 

Quando um carro reduziu ao seu lado na rua, jurou que estava prestes a ser sequestrado ou assaltado, mas o motorista abaixou o vidro escuro revelando um rosto conhecido. 

— O que está fazendo? — Cayden encostou o carro que parecia valer uma fortuna. 

Andrew coçou o nariz, guardou o celular no bolso e parou olhando para ele também. 

— Indo pra casa. 

— Andrew, são três da manhã. Está sozinho? 

— Moro logo ali, poxa — garantiu balançando a cabeça e voltou a andar. 

Logo ali indo reto depois de umas esquinas e indo mais reto ainda. Só precisava seguir essa rota aí. Deu três passos antes de tropeçar, sendo amparado por Cayden que saíra do carro em velocidade recorde. Os olhos de gato ficavam ainda mais bonitos de perto, mas Andrew não bebera o suficiente para flertar a esmo, só para ficar deprimido. 

— Qual seu endereço? Eu te levo. 

— Por quê? 

— Porque tenho a impressão de que amanhã vamos ter um novo assassinato nos registros da polícia. — Sustentou-o pelo braço sem dificuldade alguma. — Se diz veterano e não aguenta beber? 

Cayden o levou até o carro em poucos passos, fazendo Andrew sentir que aquilo meio que era um sequestro sim. 

— Eu sou formado, tá? Aqui o diploma… — Lembrou de ter deixado suas coisas com o pai, que usaria o apartamento com Brenda naquela noite. — Deixa pra lá. 

Cayden deu risada e o sentou no banco do passageiro. 

— Então, qual o endereço? — Os vidros subiram no instante em que Cayden entrou no carro. 

— Mano… — Deu risada. — Sabe que eu não sei mais? — Puxou o celular do bolso, tinha salvado no chat com a irmã naquele mesmo dia. Desbloqueou a tela bem a tempo de ver o logo da marca, o aparelho se desligou em suas mãos e um silêncio constrangedor se instaurou no carro. 

Cayden caiu na risada debruçado sobre o volante, fazendo Andrew se irritar. Precisava avisar sua família que não fora assassinado no bar, mas talvez estivesse sendo vítima de sequestro por um advogado gostoso. 

— Toma. — Cayden o entregou uma garrafinha de água lacrada. — Vai precisar. 

Andrew aceitou contragosto, sentindo vontade de chorar. 

— Você tá rindo até a polícia aparecer aqui porque meu pai acha que morri — falou com a voz embargada, antes de conseguir abrir a garrafa. 

— Estava numa mesa de formandos, duvido que alguém estranhe você dormindo fora. — Cayden ligou o carro depois de bufar. — Você dá trabalho, Sr. Harris. 

— Onde vai me levar? 

— Se não sabe seu endereço só posso te deixar em três lugares: um hospital, uma delegacia ou meu apartamento. Qual prefere? 

Se calou porque sua mente quase respondeu que preferia na cama de Cayden. Não tinha grana para internação no hospital e preferia não levar carão da polícia. Apoiou a cabeça no vidro e tentou lembrar qual daquelas ruas lhe seria familiar. Pediu um carregador emprestado pouco depois, mas Cayden só tinha cabo para iPhone. Maldita hora que fora comprar um Huawei por indicação de Vincent. 

As ruas ainda tinham movimento e as luzes da cidade pareciam mais bonitas que o normal, bebera a garrafa inteira de água e agora sua bexiga doía. Em algum semáforo, lágrimas começaram a rolar. Donna nem mesmo aparecera para sua formatura, desprezava-o a esse ponto. Seus amigos e as famílias deles estavam lá, mas não a mãe dele. 

O tamborilar dos dedos de Cayden sobre o volante indicava que estava ciente do choro, mas não era de se estranhar que ele não falasse nada a um desconhecido chorando. Fungou, precisava lembrar o caminho de casa e acabar com aquela humilhação logo, mas nada parecia capaz de tirar aquele torpor de sua cabeça. Donna. Apenas Donna e o desprezo dela voltavam a sua mente. 

— Ei — chamou Andrew com voz chorosa. — Você não é hétero mesmo não, né? 

— Garoto… 

— Não vou publicar nada. É só que eu não sou, contei quatro anos atrás pra minha família, levei um namorado pra casa. — Riu com escárnio. — E agora minha mãe não fala comigo, ela não veio hoje também. Só pensei que… 

Pararam em outro semáforo e Cayden suspirou. 

— Meus pais sempre apoiaram — parecia irritado por tocar no assunto. — Não quero causar problemas então sou discreto, mas não posso dizer que entendo exatamente o que está passando. 

— Saquei. — Arrumou-se no banco, olhando melhor para o motorista zangado. — Desculpa o surto. 

— Tudo bem, fico feliz em poder ajudar. 

— Me considero um homem justo — repetiu risonho, fazendo Cayden o fuzilar pelo canto dos olhos. 

Deu risada antes de encostar a cabeça no vidro outra vez e pegar no sono. 

*** 

Era dia de ação de graças, viajou duas horas de carro para ir ver seus pais e resolvera levar Jonathan junto. Namoravam há quase um ano e a família de Jonathan era homofóbica, sentiu-se mal por ir curtir o feriado em família e deixar o namorado sozinho. Tudo correria bem, já conversara com Brenda e avisara seus pais que levava companhia. A irmã confirmara com o pai que não havia problema, Adam estranhou a princípio, mas deu de ombros e disse que amava o filho e o queria em casa. 

Jonathan parecia tão feliz durante a viagem. A promessa de uma família que poderia acolher o deixara sorridente como nunca. Se amavam e pensavam em morar juntos depois de se formarem, às vezes até conversavam sobre ter uma casa, filhos, e churrascos no 14 de julho. 

Donna o recebeu de braços abertos como de costume, abraçava e beijava. Pareceu surpresa por ter levado “um amigo”, mas logo desandou a contar como criara seus filhos assim, para abrigarem aqueles que precisassem de calor no dia de ação de graças como a tradição mandava. Andrew não teve chance de explicar o mal-entendido e Jonathan não pareceu se importar muito. Toda a família estava reunido, tanto do lado de seu pai quanto de sua mãe, então ele tinha muitas pessoas para apresentar o namorado. 

Descobriu ao longo da festa que seu pai avisara todos com antecedência sobre Jonathan, todos eram receptivos e no máximo faziam alguma pergunta estúpida de velho. Parecia um sonho e Jonathan logo se enturmou com Brenda e seus primos. Naquela tarde, parecia que tudo daria certo. Sua mãe e suas tias estavam enfurnadas na cozinha como de costume, mas insistiu em buscar por ela mesmo assim. Se todos já sabiam, era estranho apenas Donna ter achado que Jonathan era um amigo. O peru estava quase pronto e o cheiro impregnava toda cozinha, onde as senhoras conversavam sem parar. 

— Mãe, posso conversar com você? 

Foram conversar no quarto de infância dele para ter alguma privacidade. Segurou-a pelas mãos e sorriu ao contar do namorado, frisou que não era só um amigo e que seu pai e todos os outros já sabiam. Achava importante evitar aquele tipo de mal-entendido, Donna era uma mulher severa quando se sentia enganada. Ela ouviu em silêncio, suspirou ao fim de tudo, lágrimas lhe tombando dos olhos e então disse que Adam avisara para ela também. 

— Mas eu orei muito para Deus e todos os anjos, pedi a Nossa Senhora do fundo do meu coração pra não ser isso. — A voz dela falhava ao falar. — Não esperava essa decepção de você, Andrew, você tem seu pai em casa e só pode ter sido influenciado por aquele seu amigo afeminado. 

Não conseguiu responder àquilo, assistindo Donna levantar e ir embora. Achou que nem poderia piorar, mas depois do jantar e duas taças de vinho, sua mãe deu um espetáculo tão horrível com Jonathan que Andrew levantou, berrou que ela calasse a boca e levou o namorado embora no mesmo segundo. Implorou perdão por aquilo e Jonathan nem o culpava, mas a decepção mútua os fez chorar por algum tempo.

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MJ Luna

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