Prólogo
Sabia que não iria sobreviver a este inverno, sabia que iria ser diferente, era para eu morrer. Comida, água e roupas estavam mais escassas este ano, tudo por causa de uma guerra, que eu não conseguia entender. Bom na verdade nunca entendi. Era por causa de interesses gananciosos de terras, não queriam dividir. Não entendia, pessoas passam fome, dor, frio e ainda são forçadas a lutarem por aquilo que nem sabem o que é, mas fazer o que? Não é com se fossem me ouvir e se abraçarem no final. Vocês estragaram minha infância. Era para eu ser puro e inocente, agora só penso em morte.
Afastei-me do centro populoso da cidade, não queria que encontrassem meu corpo morto na rua e estragar o natal de alguém.
Encontrei uma vala úmida e lamacenta. Apenas me joguei, sem cerimônia. Ao cair sentia a lama fria encardindo minha roupa, pele e meu ruivo cabelo. Sentia a imundície me invadindo, mas eu não ligava, eu ira morrer de qualquer jeito. Eu iria morrer de qualquer jeito se uma moça não tivesse me visto e chamado à ajuda.
Mal conseguia ver quem era, mal conseguia falar que não tinha como pagar o hospital que tanto insistia em me levar. Não estava entendendo nada que estava acontecendo. A mulher desesperada me segurando com força e gritando por ajuda, nunca tinha visto ela, para que tanto desespero? E logo com uma pessoa que não conhecia. Logo comigo, magro e fraco sem nada de valor.

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