Eu te amo tia.

                    

                     𝓐𝓶𝓸𝓻 𝓮𝓶 𝓢𝓲𝓵𝓮𝓷𝓬𝓲𝓸

❥𝐿𝒶𝓃𝑒 𝓌𝓂𝓈

𝓡𝓮𝓵𝓮𝓶𝓫𝓻𝓪𝓷𝓭𝓸 𝓸 𝓹𝓪𝓼𝓼𝓪𝓭𝓸.

 Tudo começou quando eu era pequeno. Quando eu ia para casa da minha avó e ela estava lá, tão meiga, tão sorridente, tão alegre. Era um pesadelo quando a minha mãe falava que era hora de ir embora. Eu sempre fazia um escândalo porque queria que nosso momento fosse eterno. Eu não entendia porque era muito pequeno, mas sempre senti uma coisa por ela, uma coisa indescritível. Sempre quis ficar perto dela. Ela era a minha pessoa favorita. Até que tudo desandou na minha vida quando ela se casou. Eu me lembro que ela chorava, gritava desesperadamente: "Eu não quero me casar!" E eu ficava desesperado por ela. Eu não queria que ela se casasse, parecia que era o fim de seu mundo.

"Titia, casa comigo?" Sua face melancólica deu espaço para um sorriso de pequena felicidade ao ouvir meu pedido.

"Você é muito novo, querido," disse ela.

"Eu posso te fazer feliz," respondi.

Dali em diante, coloquei na minha cabeça que precisava juntar dinheiro para poder sustentar nossa vida juntos. Eu acreditei naquilo, mas cresci e percebi que aquilo era meio que impossível. Mas eu não desisti. Eu infernizava a vida da minha mãe todo santo dia para poder ir na casa dela, porque ela saiu da casa da minha avó, né, já que se casou. Até que um lindo e triste dia, decidimos ir na casa dela. Foi legal, mas eu não podia deixar de observar suas roupas tão compridas, parecendo que queria esconder algo. Sua face não tinha mais a felicidade de antes, o entusiasmo, mas ela continuava linda, mesmo triste.

Ao vê-la sozinha lavando os pratos na cozinha, me dirigi a ela para poder observá-la melhor. Eu não era mais criança, mas queria me comportar como uma com ela, para que ela me tratasse docemente novamente.

"Oi, Nana," disse ela. Nana era o apelido carinhoso que minha família me deu, mas só nos seus lábios eu me arrepiava toda vez que ouvia pronunciar.

Como sempre, ela se virou e me olhou com um sorriso no rosto, só que aquele sorriso não era o mesmo. Não era aquele sorriso verdadeiro. Era falso. Dava para ver como ela era infeliz naquela vida. Aquilo partia meu coração de tristeza. Eu queria só fugir com ela para bem longe, para ela ficar feliz de novo.

"Tia, você ainda está triste com esse casamento?" Minha tia ficou surpresa, não conseguiu disfarçar. Peguei em sua mão e disse que minha proposta ainda estava de pé, que eu já tinha 15 anos e podia largar a escola para trabalhar e nos sustentar.

"Isso é impossível!" exclamou ela.

"Por quê?"

"Eu já tenho 15 anos." Vendo de novo sua tristeza, o desespero de querer tirá-la dessa vida me fez perceber que o que eu realmente sentia por ela não era amor de família, e sim um amor verdadeiro.

Passos pesados e rápidos vieram até nós. Seu marido, furioso, me empurrou com raiva. "O que significa isso?" gritou ele. "Que merda você está fazendo com esse garoto? Eu não quero mais você com ele."

Caí no chão e me encheu de raiva. Minha tia correu para me acudir. Por um lado, eu fiquei feliz. Ela me abraçou depois de tanto tempo e parecia realmente preocupada comigo. "Para com isso, ele é meu sobrinho!"

"Eu escutei a conversinha dele. Eu não quero esse garoto aqui," disse ele em tom agressivo.

"É isso mesmo que você ouviu. Diferente de você, eu posso fazer ela feliz!" Com sangue nos olhos, ele me pegou com força e me pôs para fora da casa. Minha mãe, ao ver aquela situação, ficou uma fera e disse que nunca mais iria pisar naquela casa enquanto ele estivesse vivo.

Eu não pude acreditar. Eu não pude fazer nada. E agora eu não podia mais vê-la. Aquilo me corroía. Me entristeceu. Me fez ficar desesperado todas as noites antes de dormir. Minhas olheiras já estavam fundas, meu coração quebrado ao sempre relembrar a expressão triste que ela tinha no rosto. Então, decidi que seria mais forte para poder tirá-la desse sofrimento. Me alimentei bem, foquei nos estudos para poder dar uma vida digna para ela. Por mais que os anos passassem, meu amor só crescia por ela. Eu fui entendendo que tia e sobrinho não podiam dar certo, mas eu não estava nem aí. Sabia que poderia morrer sem ela. Esses longos 3 anos foram um inferno longe de você, tia.