Me Devolva!

Aviso: A história fictícia a seguir se passa no Japão e contém certos temas que podem ser considerados pesados para alguns individuos.

Qualquer semelhança com qualquer pessoa ou situaçao é apenas mera coincidencia. A obra a seguir nem a aoutra não glorificam açoes ou individuos com ligações á gangues ou organizações relacionadas.

Entre as grades

“Se alguém for capaz de me aceitar e me amar, quebrada como eu sou, mesmo sendo esse lixo desprezível... Talvez esse seja um sinal que exista algum Deus nesse mundo afinal.”

Com esse pensamento nostálgico ecoando em sua cabeça, a mulher de cabelos longos abriu os olhos e respirou fundo.

-Merda...

Aquele sonho outra vez. Quantas vezes mais ela teria de sonhar com os tempos da escola? Já fazia anos que ela estava apodrecendo naquele buraco maldito. Ela estava longe de ser uma colegial e sabia muito bem disso, no entanto os sonhos com a época antes da prisão continuavam a assombra-la com frequência.

Ela grunhiu e se levantou mal humorada, enquanto apertava a mão sobre a testa ela reparou... A cama estava mal arrumada, melhor dar um jeito nisso enquanto antes.

Depois de arrumar a cama, a mulher começou a andar de um lado para o outro naquela cela mal iluminada e sem vida, já era de manha e ela havia acordado antes do sinal como o de costume.

Procurando algo para se distrair ela contava seus próprios passos silenciosamente para controlar sua ansiedade. Alguns minutos se passaram quando um barulho metálico chamou sua atenção, era um dos carcereiros, batendo com as chaves na sua porta de forma repetitiva.

Ouvir aquele barulho metálico logo depois de acordar fazia sua cabeça doer, mas ela sabia que não podia reclamar... Algo estava errado. Ela não estava causando problemas e a sua cela estava limpa antes do sinal como o de costume... Por que tinha alguém a incomodando tão cedo? Era dia de revista surpresa?

-Bom dia senhorita Murakami. – O homem magricelo de boné disse educadamente como de costume, parecendo estar entediado.

 -Venha comigo um instante, por favor. Você tem visita. – Ele concluiu colocando as mãos para dentro da cela, segurando com suas luvas brancas uma algema velha.

Sachiko se aproximou da porta em silencio com uma expressão de clara confusão.

-... Visita?-

“Meu pai nunca veio me visitar em todos esses anos... Porque ele faria isso agora?” Ela pensou. Algo estava muito estranho. Ela nunca havia recebido visitas até hoje... Alem disso estava muito cedo para o horário de visitas.

- Vamos, vamos, não temos o dia todo... - O homem resmungou fazendo mais barulho com as algemas. – Se apresse. - Ele respondeu engrossando a voz e encarando-a agora de forma ríspida.

Sachiko suspirou e foi imediatamente em direção à porta, como um robô acostumado a sua rotina mecânica ela colocou os braços para fora da grade e esperou pelo movimento do guarda, que após observa-la por alguns segundos, moveu as algemas enferrujadas, apertando-as sobre os pulsos dela. A mulher colocou os dois braços, agora presos, para dentro da cela e esperou. A porta se abriu e o homem a revistou como de costume antes de libera-la.

-Bom. - Ele disse aliviado após o procedimento de rotina. - Limpo. Agora, siga-me, por favor. –

Sachiko suspirou e o seguiu em silencio, sabendo que aquilo não era um pedido, era uma ordem.

Ao sair da cela, Ela foi acompanhada por mais três guardas fardados, um a sua frente e dois ao seu lado que a guiaram em silencio até uma sala nos fundos. Enquanto caminhava ela não parava de pensar que algo ali cheirava mal.

Enquanto caminhava até a sala, ela olhou distraidamente em volta para celas das outras detentas, algumas dormiam, outras estavam acordadas arrumando suas camas e outras estavam, assim como ela anteriormente, andando de um lado para o outro repetidamente numa tentativa fútil de manter suas mentes ocupadas até o sinal do café da manha.

-Entre. Já estão a sua espera. -

O guarda da frente disse casualmente enquanto abria a porta, onde do outro lado, a silhueta de uma mulher estranha de batom vermelho a esperava com um olhar afiado e um estranho sorriso amigável no rosto.