Era estranho pra Kana estar morando sozinha depois de passar 8 anos morando com sua, antes de uma briga feia, noiva. Foram semanas com muito estresse atrás de um novo lar, sem poder se mudar para muito longe por conta de seu trabalho. Kana era policial, ama o que faz.
— Você trouxe seus documentos? Eu não consigo acreditar que você tem 20 anos. —tira os olhos do tablete em sua mão e olha para o garoto que treme ao entregar uma pasta. — Você está com medo? Não deveria tentar morar com uma pessoa que não confia.
Ela olha os documentos do garoto, vendo o nome dos pais e arregalando os olhos com um enorme ponto de interrogação no meio do rosto.
— Seus pais... eles- Espera, esses documentos foram falsificados muito bem, hein? Mas poderia ter escolhido outros nomes, sabe? Quase enganou uma policial. —olha o menino que parecia que ia chorar a qualquer momento.
—P-por favor... eu não tenho para onde ir... —o choro começou silencioso e foi se intensificando. — Eles são meus pais mesmo, eu não estou mentindo. Eu estou com muito medo de você agora, mas o medo de ficar na rua é pior, meus pais eles... me expulsaram. Você conhece eles? Você deve saber que tenho um irmão, ele é perfeito pra eles, e eu- eu não presto... não presto mais... e meu namorado ele... ele É CASADO. Ex namorado agora... ele me jogou pra fora da casa dele...
O choro ficou muito mais incontrolável, fazendo Kana entrar em um desespero interno.
—Ei se acalma, por favor. Me escute. —o garoto cobre o rosto e começa a soluçar com o choro. — FIQUE QUIETO, ME ESCUTA!
O modo como ele a olha a faz respirar fundo, não deveria ter gritado, mas ao menos o garoto parou o choro.
—Perdão. —tentou sorrir e passar tranquilidade para o outro, mas suas pressas aparecendo o deixou mais amedrontado. — Seus pais são meus colegas de trabalho, sei apenas isso sobre eles, os odeio para ser sincera. Eles me irritam bastante, então, o que me conta sobre eles?
— Meu pai não aceita que eu não seja bom... não tenha características dele e minha mãe o apoia. Eles são mais como águias e gaviões... e eu, bem... sou como uma andorinha... eu sequer cresço mais que isso. —dava longas pausas em suas frases para respirar, afinal, estava fazendo muita força ao segurar o choro. — Essa é a décima entrevista que tento, alguns querem favores de mim além do aluguel...
—Entendi. —diz sem expressar muito, mas sentia seu peito apertar. — Você trabalha?
—Sim, com meu salário, consigo pagar o aluguel e duas refeições por dia, dá pra viver, sabe? —esfregou o rosto com a manga da blusa tentando o seca. — Os outros alugueis são bem caros... e nem todos eu vou ter um quarto só pra mim.
—Você tem muita coisa? —deixou os papeis sobre a mesa e cruzou os braços, relaxando ao colocar as costas no encosto da parede.
—Só isso. —aponta para sua bolsa minúscula como ele. —Ahm... meus pais não deixaram eu pegar minhas coisas e isso é o que estava na casa do meu ex...
—Então se eu falar que pode ficar com o aluguel, você já vai ficar aqui? —ergue uma sobrancelha ao vê-lo assentir. —Certo, então, pode ficar. Você já leu as regras e um pouco sobre mim e minha rotina. Está tudo certo.
Se levantando, devolve os documentos ao garoto e ri com a cara de abismado dele.
—Vai contar para meus pais que estou aqui? —pergunta e guarda os papeis na pasta. —E- eu não quero que eles saibam onde eu estou, você entende, né?
—Claro. Já disse, odeio seus pais. –parou a porta do seu escritório, esperando ele vir também.
—Obrigado, eu estou realmente grato, espero me dar bem com você. —a segue para o fundo do corredor, onde ele entra no quarto e vê que era maior do que imaginou pelas fotos.
—O seu banheiro é esse da porta da frente, fica à vontade. —parada em frente a porta do quarto, vê o garoto olhando tudo. — Eu preciso fazer compras, você... quer algo específico?
—Eu não tenho muito dinheiro, mas, se puder comprar um Supressor 1-21... Eu ficarei grato, depois eu te devolvo o dinheiro. –fala com vergonha, tirando suas coisas da mochila. — Minhas asas estão maiores e a tendência é crescer... essas coisas acontecem quando meu cio está chegando e...
—Eu sei. Acontece com todos nós, eu acho que vou ter que comprar pra mim também. —passa língua pelos lábios secos, olhando para as próprias mãos. Depois de muito tempo, teria que passar o cio sem sua parceira. —As mudanças do meu corpo vem depois do cio, não antes, é sempre uma surpresa a chegada do meu cio...
—Normalmente as fêmeas aves escolhem seu companheiro por belas penas e coisas assim... E eu sou um macho, então, é... Eu tenho que mostrar essas coisas a elas. —ele ri triste, se sentando na cama. —Acho que quando voltar, estarei dormindo... estou cansado, mas obrigado desde já.
—Sem problema. Quero lembrar que a comida, a energia, a água e a rede estão inclusos no aluguel... se quiser algo para comer, se não for tão específico, pode pedir.
—Irei pedir quando precisar... —bocejou e se deitou devidamente na cama, suspirando pelas asas o atrapalhando.
—Muito bem, até mais tarde. —Sai do quarto, mantendo a porta aberta.
Kana foi para seu quarto, pegou o que precisava e foi para o estacionamento. Tanto sua ida como sua volta foram rápidas, não demorou muito também para guardar as compras. O garoto ainda dormia com a porta aberta, então ela entrou sorrateira e deixou o remédio sobre a estante perto a cama. Estava anoitecendo, ela já havia jantado e foi tomar um banho, dormindo logo em seguida
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