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Softness Remix

Capítulo 1 (Part I): Ride On Time

Capítulo 1 (Part I): Ride On Time

Oct 20, 2024

Makoto Hinode despertou exatamente às 6h30, como fazia todos os dias. O som abafado do despertador ecoava em seu quarto, um alarme baixo e constante que parecia tão natural quanto sua própria respiração. 

O peso da preguiça em seu corpo deixava.

Sem muita pressa, ele se levantou da cama, esfregando os olhos com o dorso das mãos, ainda preso àquele estado tênue entre o sonho e a vigília. 

Do lado de fora, os primeiros raios de sol passavam pelas cortinas de sua janela, tingindo o ambiente com uma luz suave, quase etérea. 

O mundo lá fora estava lentamente despertando junto com ele, mas a sensação de que nada mudaria em sua vida se manteve.

Ao se preparar para o dia, Makoto seguia uma rotina meticulosamente construída ao longo dos anos. O espelho no banheiro refletia a mesma imagem de sempre: um jovem de cabelos pretos desordenados, com olhos cinzentos que, embora serenos–ou dormentes–,revelavam uma vaga insatisfação. 

“E se eu faltasse hoje? Poderia levar a Sakura na escola e ficar de bobeira!”

Ele perguntou se alguém notaria qualquer diferença caso um dia não aparecesse para o café da manhã, ou se o despertador decidisse falhar em sua função. 

Provavelmente, a resposta seria não.

Seus pensamentos depressivos foram cortados como uma navalha com o doce som do chamado de sua mãe e irmã.

Na cozinha, sua mãe, Yoko, já estava de pé. 

Ela sempre o recebia com o mesmo sorriso cálido, enquanto preparava o café. O cheiro do pão torrado e o som suave do jornal sendo folheado por seu pai, Miyamoto, compunham o pano de fundo habitual de sua manhã. 

Era uma família comum, como todas as famílias comuns.

Sakura, sua irmã mais nova, se sentava à mesa com seus cabelos desarrumados e fios rebeldes, e olhos sonolentos, como os de Makoto, brincando com a comida enquanto balançava as pernas sob a mesa. 

“Acho que sou uma má influência…” pensara, enquanto olhava para aquele projeto de ser humano.

A cena era quase idílica, mas, para Makoto, ela começava a parecer uma repetição sem fim. Cada gesto, cada palavra trocada, tudo parecia seguir um roteiro pré-definido, como se estivessem presos em um ciclo infinito de ações sem propósito.

— Bom dia, Makoto! — disse sua mãe, colocando um prato na mesa. 

—Dia, mãe—Ele respondeu com um aceno.

— Onii-chan! Onii-chan! — Sakura entrou no “modo irmãzinha adorável” quando viu Makoto — Vai ter um episódio especial de Cutie Kawaii Ranger hoje! Você sabe o que vai acontecer?

— Hm, acho que alguma personagem da temporada passada vai aparecer — Makoto disse, sem tirar os olhos do celular. — Sempre fazem isso nesses especiais.

— Mas será que a Pinky Moon volta? Ela era a minha favorita! — Sakura perguntou, os olhos brilhando.

— Eu diria que todas as protagonistas antigas podem voltar — comentou Yoko, entrando na conversa enquanto ajeitava a mesa. — Afinal, é o especial de 25 anos da franquia. Eles devem trazer um monte de personagens.

— Sério?! Todas elas? — Sakura exclamou, animada.

—Ou, espera, parece que a temporada está acabando…—Makoto, como um bom irmão, sempre acessava as informações periodicamente em busca de rumores sobre garotas mágicas—Podem passar o bastão pra próxima temporada…Ouvi dizer que a próxima temporada terá animais marinhos como tema.

— Pode ser — Yoko sorriu. — Eu lembro quando a primeira temporada estreou... Era uma febre. Todo mundo falava sobre o anime na escola. Me sinto uma senhorinha…

— Ah, sua mãe era tão fã que fazia até a pose de transformação — Miyamoto disse com olhar malicioso e nostálgico— E não estou exagerando.

Makoto e Sakura nunca imaginou que uma lembrança de sua mãe pudesse causar tanto desconforto. A ideia dela, na juventude, vestida como uma garota mágica, posando com a típica varinha e dizendo “love and justice” com um brilho determinado nos olhos... era, no mínimo, perturbadora.

Na sua mente, ela rodopiava em um uniforme ridiculamente fofo, gritando palavras de encorajamento e fazendo poses exageradas enquanto a franja esvoaçava.

E era assim que o Makoto ficava dividido entre a risada e o constrangimento absoluto, querendo apagar essa imagem mental, mas também curioso demais para deixar de imaginar.

— Não precisa contar isso!—Yoko corou e deu um leve empurrão nele. 

— Sério, mãe? Você fazia a pose? — Makoto riu, levantando os olhos do celular.

— É, eu fazia... — Yoko suspirou, tentando disfarçar o sorriso. — Mas todo mundo fazia na época, ok?

— Hahaha, você deveria mostrar pra Sakura! — Miyamoto provocou, rindo.

— Mostra, mamãe! Quero ver! — Sakura saltou, agitando os braços.

— Ah, quem sabe depois do episódio especial... — Yoko respondeu, rindo.

—Inclusive, sua mãe escolheu Sakura como seu nome por causa da…

Miyamoto respirou fundo, perdendo toda sua compostura de homem adulto

—“Com a sorte nas cartas e o destino nas mãos, meu coração me guia! Mystical Sakura, a Soberana cartomante.”

"Espera aí..." ele pensou, e seus olhos se estreitaram, fitando a mulher que estava à sua frente. Ele inclinou a cabeça, sentindo uma súbita onda de incredulidade e iluminação recair sobre sua mente, até então, em escuridão. 

E tudo fazia um pouco mais de sentido–e talvez, só talvez, ficasse um pouquinho mais embaraçoso.

—Sakura?—murmurou, quase rindo—Daí que vem o nome?

Yoko, ao ouvir aquilo, apenas deu de ombros, com um sorriso travesso no rosto, como se a resposta fosse óbvia. 

—Quando a Sakura-chan nasceu era tão fofinha…Parecia uma versão bebê da minha personagem favorita.

Makoto suspirou, passando a mão pelo rosto, mas não conseguiu conter o sorriso que surgia no canto da boca. 

—Isso explica algumas coisas… talvez até um pouco demais.

Entre uma mordida e outra, olhou para o relógio na parede. Droga, estava quase atrasado de novo. Ele engoliu o que restava do café às pressas e se dirigiu à porta, ainda tentando arrumar a gravata do uniforme enquanto equilibrava um pedaço de torrada no canto da boca. 

—Tô indo!—gritou, já com a mão na maçaneta.

—Espera! Não vai se despedir da sua mãe? A voz dela veio e ele parou, meio irritado, meio sorrindo, e se virou para acenar um adeus rápido. 

—Tchau, mãe.—disse, mais por obrigação que por qualquer outra coisa, enquanto já se virava de novo para a porta.

Com o uniforme da escola impecavelmente ajustado, Makoto saiu de casa, a brisa fria da manhã acariciando seu rosto. As ruas de seu bairro eram as mesmas que ele percorria desde a infância, cada detalhe familiar demais para chamar sua atenção. 

Tudo permanecia intacto, repetindo-se dia após dia, como um relógio que nunca parava.

Kawasaki era uma cidade de contrastes que pareciam inevitáveis. Makoto sempre pensava nisso, enquanto descia as escadarias da estação de trem para se embrenhar nas ruas já bem conhecidas. 

Não era um ponto turístico famoso, mas possuía uma personalidade própria, uma vida que pulsava entre o que já foi e o que se tornava dia após dia.

O dia ali começava com uma pressa organizada. 

As ruas ao redor da estação de Kawasaki fervilhavam com pessoas indo e vindo, uniformizadas de ternos escuros e pastas, como uma corrente humana que se movia de forma previsível. 

O som da cidade era uma mistura de passos apressados, freadas de ônibus, e o zumbido constante das ciclovias.

Entre os blocos de concreto e aço, surgiam pequenos santuários quase escondidos, espremidos entre prédios de escritórios e casas antigas. Eram espaços que pareciam ignorar a passagem do tempo, onde os moradores mais antigos paravam para oferecer uma prece rápida antes de retomar suas rotinas apressadas.

Kawasaki não era uma cidade de beleza cinematográfica, mas tinha um charme um pouco áspero, quase rude. 

E então havia o Tamagawa, o rio que cortava a cidade ao longo de sua margem oeste. Durante o dia, suas águas refletiam o movimento incessante dos trens e das pontes de concreto. 

No início da manhã ou à noite, era possível ver os corredores solitários e ciclistas que usavam a trilha ao lado do rio, buscando um momento de pausa longe do centro urbano. 

E, para Makoto, essa mistura de concreto, fumaça e templos encostados em beiras de prédios comerciais fazia parte de sua vida tanto quanto a rotina que ele seguia, dia após dia.

Na escola, a sensação de previsibilidade era ainda mais acentuada. O portão de metal enferrujado, os corredores sempre ecoando com o burburinho dos alunos, os passos compassados de professores experientes. 

Sua sala de aula não oferecia novidades. Os colegas de classe, todos com suas peculiaridades, estavam lá, como sempre. 

Enquanto isso, Ayumi-sensei observava a cena, calculando cada aluno como se buscasse arquétipos de todos, uma expressão de leve tédio nos olhos. 

Com seus 27 anos, ela se destacava por ser uma das professoras mais jovens do corpo docente, ainda que já carregasse aquele olhar cansado que só a rotina de corrigir redações infinitas poderia criar. Os cabelos, que ela sempre mantinha soltos e ligeiramente bagunçados, caíam-lhe pelos ombros, emoldurando um rosto que os alunos consideravam tanto sério quanto fascinante.

Ayumi era professora de literatura, mas era comum que alguns alunos mais atrevidos a chamassem pelo nome da protagonista de Confissões, a adaptação cinematográfica que eles tinham assistido por conta de algum projeto escolar. 

—Moriguchi-sensei—Diziam. Uma comparação que ela detestava do âmago de seu ser. Achava o livro excelente, entretanto, ficava chateada pelos seus alunos pensarem isso dela.

—Não sou nenhuma protagonista de vingança.—Pensava, enquanto disfarçava a irritação com um sorriso diplomático. 

Aquilo sempre a fazia lembrar que, por mais que amasse seu trabalho, a linha entre professora inspiradora e uma personagem mal compreendida de filme japonês era mais tênue do que gostaria de admitir.

Ela ajeitava os óculos de armação discreta, como quem tenta focar em qualquer outra coisa, e deixava escapar um suspiro antes que a aula começasse oficialmente.

A vida de Makoto parecia estar presa em uma sequência previsível, e ele começava a questionar se existia algo mais para se esperar.

"Será que tudo sempre vai ser assim?". Ele se encontrava cada vez mais mergulhado nesse torpor, como se flutuasse entre os dias, sem propósito ou direção.

Então, no meio de uma manhã comum, uma notícia percorreu a sala, com a mesma velocidade de um boato sussurrado no corredor. 

Uma nova aluna estava para ser transferida. Esse tipo de notícia era sempre uma raridade em sua escola, e rapidamente os alunos começaram a especular sobre quem seria.

— Mano, já ouviram falar da nova aluna transferida? — começou Kaito, com os olhos brilhando de curiosidade. — Dizem que é uma estrangeira, aposto que é russa! Sabe, uma daquelas loiras altas, com olhos azuis e cabelo prateado. Um verdadeiro anjo gelado!

O “idiota otaku”, como Makoto chamava a sua esquerda era Kaito. O mais alto do grupo, mas isso não o impedia de ser o mais desajeitado. Seu cabelo estava sempre bagunçado, tal qual sua própria personalidade. Parecia que ele nunca encontrava tempo para domá-lo, como se refletisse sua própria personalidade meio distraída. 

— Ah, claro! — riu Haruto, ajustando os óculos. — Se for pra imaginar, eu digo que é americana. Tipo aquelas loiras de filme de Hollywood, sabe? Bem peitudas e tudo mais.

Um pervertido, assim é Haruto, que por outro lado, era pequeno em estatura, mas que compensa com uma energia e um ego que parecia superar sua baixa altura. Seus cabelos loiros, cortados bem rentes à cabeça, davam-lhe uma aparência de um Americano, o que combinava com sua atitude um tanto atrevida e babaca.

Ele tinha aquele jeito inquieto, sempre se movendo e falando rápido, como se o mundo ao redor não conseguisse acompanhar o ritmo acelerado de seus pensamentos. 

— Hm... americana? Eu já acho meio clichê — interrompeu Ren, com um sorriso malicioso. — Aposto que ela é alemã! Cabelos loiros, olhos azuis... e um sotaque bem sexy! Ela deve ser disciplinada, do tipo que usa uniforme de marinheira... se é que me entende…

Ren, com seu corpo mais robusto e um cabelo rente, quase como um militar, exalava uma descontração que só alguém verdadeiramente confortável consigo mesmo poderia ter. Seu jeito simples e funcional o tornava o típico cara "gente boa" à primeira vista, aquele que todos contavam para uma boa conversa ou para liderar uma partida improvisada de futebol, como sempre fazia.

Sua risada fácil e o sorriso sempre à espreita mostravam um jovem que, apesar de algumas inseguranças, preferia ver a vida de forma leve. 

Porém, sua personalidade era horrível.

“Masoquista…” pensara Makoto encarando a janela.

— Fique longe de mim com esse seu fetiche— Haruto bufou, enquanto cruzava os braços. — Só pensa nisso, né, Ren?

— Como se você fosse diferente, Haruto — riu Ren. — Vai dizer que não ficou imaginando ela em um daqueles filmes, hein? Hein?

— E-Eu? — Haruto gaguejou, sem jeito, e depois desviou o olhar. — Não é bem assim, tá?

— Vocês dois são uns pervertidos — Kaito balançou a cabeça, rindo. — Mas, sério, uma russa seria incrível. Elas são tão... misteriosas.

— Só porque você tem um fetiche estranho. — Ren zombou, com um sorriso malicioso. — Aposto que você sonha com ela sendo uma agente secreta sexy disfarçada.

— E daí se eu sonho? — Kaito rebateu. — Pelo menos é mais realista que suas loucuras de anime.

— Ah, deixa eu sonhar em paz — Ren deu de ombros. — No fundo, todos aqui querem a mesma coisa.

— Ei, Makoto, você tá quietinho — disse Haruto, virando-se para o amigo que até então só ouvia. 

—Não quero me associar ao clube de estranhos. Tô de boa.

— O que você acha? De onde você acha que ela é?

Ele não se importava.

— Hm, não sei — Makoto finalmente respondeu, com um tom pensativo. — Não tenho ideia, mas... quem sabe ela não é coreana?

O silêncio tomou conta do grupo por um instante.

— Coreana? — Ren repetiu, franzindo a testa. — Tipo, do K-pop e tal?

— É, talvez — Makoto deu de ombros. — Não sei, só... pensei que podia ser. Não é sempre que a gente pensa em alguém de fora da Europa e América, né?

—Coreana? — Kaito riu. — Isso seria um pouco... inesperado.

— Seria interessante — Haruto disse, pensativo. — Elas têm um estilo único, né? Além de serem muito talentosas.

— Vocês só sabem pensar em mulheres, né? — Makoto revirou os olhos, embora um leve sorriso surgisse em seu rosto. — Nunca mudam.

— E você, como se fosse diferente — Ren riu. — Tá tentando ser o bonzinho.

—Vocês são muito crianças, isso sim.

Makoto observava a sala enquanto os cochichos e murmúrios circulavam entre os colegas. Os rumores sobre a nova aluna transferida já haviam se espalhado pela escola, alimentados por especulações cada vez mais exóticas. 

Ele próprio não havia dado muita atenção. 

Outro rosto novo, pensava, mais uma peça a ser encaixada na monotonia de sua rotina escolar. 

A maioria dos alunos estava animada, esperando que a nova aluna fosse diferente de tudo o que já tinham visto – uma figura quase estrangeira, talvez europeia, com o cabelo prateado e os olhos claros, exatamente como nas histórias ou nos filmes.

—Pessoal, sentem-se todos, calando a boca. Temos uma nova aluna transferida para apresentar.

A sala se calou por completo, num suspense quase cinematográfico.
Shintomoe
Okinawano

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