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ECLIPSIUS

Sinais do outro lado.

Sinais do outro lado.

Oct 02, 2024

Lunaria era um reino onde o céu nunca conhecia o amanhecer. A lua, soberana absoluta, lançava seu brilho prateado sobre paisagens de montanhas escuras, florestas densas e lagos que refletiam as estrelas como se fossem joias dispersas na água. O reino vivia em um eterno crepúsculo, onde o tempo parecia deslizar devagar, em um ciclo sem fim de noites serenas. A arquitetura de Lunaria era grandiosa, com castelos de pedra negra, torres altíssimas que quase tocavam o céu estrelado, e ruas de mármore escuro, por onde os habitantes vagavam sob a luz suave e fria. Tudo parecia suspenso em um sonho eterno, onde o silêncio era apenas quebrado pelos ventos sussurrantes que vinham das montanhas.

No meio desse cenário sombrio, o Palácio Lunar, o coração do reino, erguia-se imponente. Suas muralhas de pedra e seus corredores infinitos abrigavam a corte real, onde Ethan, o jovem príncipe, enfrentava sua vida de deveres e formalidades. As responsabilidades do trono pesavam sobre seus ombros, e a cada dia, ele sentia-se mais distante de quem realmente era. A lua, tão adorada por seu povo, era para ele uma lembrança constante da prisão invisível que o cercava.

Naquela manhã, ou o que mais se aproximava de uma manhã em Lunaria, Ethan despertou lentamente. A luz suave da lua invadia seu quarto pelas altas janelas, projetando sombras alongadas nas paredes de pedra fria. Ele sentou-se na cama de seda escura, esfregando os olhos e suspirando fundo. O silêncio do castelo era quase opressivo, e ele sabia que o dia que viria seria igual a tantos outros.

Após se vestir, com suas roupas de príncipe impecavelmente ajustadas – que mais pareciam uma armadura simbólica –, Ethan seguiu pelos corredores do palácio, até chegar ao grande salão onde o café da manhã da realeza era servido. As mesas de madeira escura estavam repletas de frutas exóticas, pães e o famoso chá de ervas lunares, que perfumava o ar com seu aroma suave e adocicado. Mas, apesar do banquete, o apetite de Ethan estava ausente.

Seu pai, o rei Magnus, já estava sentado à cabeceira da longa mesa, olhando para o vazio, como sempre. Quando Ethan se aproximou, o rei ergueu o olhar e, sem rodeios, começou o discurso de sempre.

— Ethan, meu filho, você precisa começar a se preparar para as audiências do conselho. O reino está de olho em você, e é hora de assumir suas responsabilidades de forma mais... eficaz — disse Magnus, sua voz baixa, mas cheia de autoridade.

Ethan, tentando manter a compostura, serviu-se de chá. Ele sabia o que viria a seguir. Era sempre o mesmo papo, como se ele não tivesse outra escolha.

— Você fala disso todos os dias, pai — respondeu Ethan, tentando manter o tom neutro. — Eu sei o que tenho que fazer.

Mas Magnus ignorou a resposta e continuou, impassível.

— Não é questão de saber, é questão de agir. O tempo passa, e o povo precisa de um líder firme, alguém que siga as tradições de Lunaria com devoção. Você não pode viver em devaneios e rebeldias.

Ethan apertou o punho de sua xícara, sentindo a irritação crescer. A mesma ladainha, as mesmas palavras. Tudo girava em torno de deveres e tradições. Nunca sobre ele, nunca sobre seus desejos ou o que ele queria de verdade.

— Eu não sou você, pai — Ethan finalmente respondeu, a frustração vazando em sua voz. — Eu não quero ser um rei que só vive para as tradições. Não posso me trancar nesse castelo como você fez.

Magnus franziu o cenho, seu olhar duro e frio como a própria pedra do palácio.

— Você não tem escolha, Ethan. Seu destino foi selado no momento em que nasceu. Se você continuar com essa teimosia, Lunaria poderá sofrer as consequências.

Ethan se levantou bruscamente, deixando a xícara de chá na mesa com um som agudo. Ele não suportava mais ouvir aquilo. Estava cansado de ser moldado por expectativas que não eram suas.

— Se Lunaria precisa de um prisioneiro, então que arranje outro — disse ele antes de sair, as palavras saindo mais afiadas do que ele pretendia.

Enquanto isso em Solaria...

A luz dourada do sol atravessava as janelas enormes do palácio de Solaria, banhando tudo em um brilho quente e radiante. Diferente de Lunaria, o reino de Solaria jamais conhecia a escuridão. Os dias eram infinitos, e a presença constante do sol fazia o ar vibrar com energia. As terras eram vastas planícies cobertas de girassóis dourados, com rios brilhantes cortando o horizonte, e o palácio real, feito de mármore branco e ouro, reluzia como um farol no meio da paisagem resplandecente.

Ariel, príncipe de Solaria, se espreguiçou preguiçosamente em sua cama, já sentindo o calor suave do sol tocar sua pele. Ele estava acostumado com o brilho constante e até gostava do conforto que isso lhe trazia. Mas, nos últimos tempos, havia algo que o incomodava. A pressão, os olhares constantes, as expectativas que caíam sobre ele como uma chuva incessante de luz. Tudo isso pesava mais do que o calor do sol ao meio-dia.

Ao se levantar, Ariel vestiu-se com roupas leves, típicas de Solaria, feitas de linho branco e adornadas com pequenos detalhes dourados. Mesmo com a formalidade das vestes, ele sempre encontrava um jeito de deixá-las um pouco mais relaxadas, com as mangas soltas e o cabelo bagunçado. Ao olhar para o espelho, ele suspirou. A imagem refletida parecia tão distante do que ele realmente queria ser.

"Mais um dia no paraíso", pensou, com uma pitada de sarcasmo.

Seguindo pelos corredores iluminados do palácio, ele se dirigiu para o grande salão onde a família tomava o café da manhã. O cheiro de pão fresco e frutas maduras flutuava pelo ar, e a luz refletia nas paredes brancas, criando reflexos quase cegantes. No entanto, ao chegar à mesa, o ar familiar de Solaria foi quebrado pela presença inevitável de seu pai, o rei Orion, já sentado e esperando.

Orion era a personificação de tudo o que Solaria representava: forte, brilhante e inflexível. Ele estava sempre em movimento, como o próprio sol que nunca parava de brilhar. Seus olhos brilhavam com uma intensidade que Ariel sempre achava difícil de suportar.

— Ariel, já está acordado? — a voz de Orion soou, firme, mas com um toque de impaciência. — Pensei que talvez hoje você resolvesse finalmente aparecer antes de o sol subir ainda mais.

Ariel revirou os olhos internamente, mas manteve uma expressão neutra. Sentou-se à mesa, pegando uma maçã suculenta e mordendo sem muita cerimônia. Não estava a fim de começar o dia com discussões.

— Bom dia para você também, pai — respondeu Ariel, com um sorriso que não chegava aos olhos.

Orion o observou por um momento, como se estivesse prestes a lançar uma palestra. E, claro, lançou.

— Você tem responsabilidades, Ariel. O povo olha para você como o futuro de Solaria. Não é hora para agir como um jovem desmiolado. Há decisões a serem tomadas, alianças a serem construídas.

Ariel apenas balançou a cabeça, a maçã ainda entre os dentes. Ele já ouvira tudo aquilo antes. Era como se o discurso do pai estivesse gravado e repetido incansavelmente. Responsabilidades, liderança, a honra de ser o príncipe de Solaria... nada disso fazia sentido para Ariel, que sempre sentia que faltava algo, algo além daquele reino ensolarado e perfeito.

— Pai, eu entendi, tá? — disse ele, a voz levemente frustrada. — Mas eu não sou você. Não consigo ser essa imagem de perfeição que todo mundo espera.

Orion franziu o cenho, o tom de sua voz endurecendo.

— Não se trata de ser perfeito, Ariel. Trata-se de ser digno. E isso exige sacrifício.

Ariel largou a maçã na mesa, levantando-se de forma abrupta. O calor no salão parecia sufocante, as paredes de mármore refletiam a luz de forma quase cruel, cegando-o. Ele precisava sair dali.

— Eu... eu vou dar uma volta. Pensar um pouco — disse Ariel, já se afastando da mesa antes que o pai pudesse responder.

Sem esperar por uma permissão ou reação, Ariel saiu do salão, o coração acelerado. Sentia o sol queimando sobre ele, mas, pela primeira vez, isso parecia mais uma prisão do que um conforto.


elipeekk
Vênus Lee

Creator

E começamos apresentando esses dois personagens, os protagonistas.

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Dois príncipes, Ethan de Lunaria e Ariel de Solaria, fogem de seus palácios em busca de liberdade. No meio de uma floresta que separa os reinos, eles se encontram de forma inesperada quando uma maçã cai na cabeça de Ethan, revelando Ariel nos galhos acima. Esse encontro improvável marca o início de uma amizade que desafiará as fronteiras e os segredos de seus reinos, mas será que eles vão acabar apenas como amigos?

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