Eu tenho 24 anos e acabo de ser diagnosticado como autista há alguns meses. Isso não é algo incomum, vários autistas como eu só se descobrem na fase adulta, quando a demanda da vida social, trabalho e acadêmica ficam ainda maiores e isso faz com que algumas de nossas dificuldades fiquem mais evidentes. Este ano eu peguei o dobro de aulas que nos eu tinha como professor nos anos anteriores, em um colégio onde a carga de trabalho era muito grande, falta de apoio da escola e alunos do sexto ano que faziam minha cabeça explodir. Foi neste contexto exaustivo que eu fui em busca de meu diagnostico, pois estava claro que eu tinha que fazer um esforço excessivo para fazer coisas que as outras pessoas faziam com facilidade, além de outras características como minha irritabilidade, interesses restritos, hiperfoco e rituais diários. Não foi uma surpresa, eu já suspeitava desde 2019, quando fiz uma pós-graduação em educação especial (e na aula sobre autismo eu sentia que a professora falava sobre mim e não sobre meus alunos). Mas por qual motivo demorei tanto para saber que tenho autismo? Bem, eu tenho nível de apoio 1 (o que antes era chamado de asperger), isso significa que não preciso de tanta ajuda como quem tem autismo severo. Isso e o fato de ter QI acima da média me ajudaram a formular estratégias para mascarar minhas dificuldades ao longo dos anos sem saber que o fazia. Agora meu laudo me ajuda na busca por mais qualidade de vida, principalmente nas relações sociais e vida laboral, embora tenha tanta gente que ainda irá me rotular e me negar muito dessas. Para essas pessoas eu terei que ter paciência (spoiler: não tenho), e tentar ensina-las que eu realmente não sou comum, sou uma pessoa incomum que só faz as mesmas coisas de uma forma diferente. :)
Após me descobrir autista na vida adulta, decidi criar uma série de tiras para falar sobre minha vivencia como professor, autista, gay, urso, poliamoroso, furry, e quadrinista. Senta, pois lá vem historia.
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