Deixando a zona segura com Tanuki na segurança e assistindo o mundo que eu vivo. Vendo o parque na minha frente, eu respiro a pureza que a pouca natureza há. Não sei se abraços são um hábito do povo antigo, mas eu sorri quando ele me abraçou. Sei que ele quer cuidar de mim, me salvar, ficar comigo, mas imagino também se serei capaz de aguentar tanta pressão de alguém que veio de um vaso que meu avô me deu. A nova aventura que eu estava tendo agora tenho duas: universidade e um servo maluco sob meus cuidados. Espero que ele cuide do apartamento, ao menos. Não tenho ideia de seus hábitos e a maneira dele limpar, mas espero que o lugar esteja seguro com ele. Pedir a Deus por isso custa nada.
Olha eu pedindo a Deus!
Andando pelas ruas observando cada casa, prédios e lojas perto de mim. Sei que leva uns vinte minutos para chegar na universidade e é bom que eu caminho para manter uma boa saúde. Pelas ruas se vê poucas lojas, isso que não estou numa avenida principal. As pessoas andando ao redor talvez estejam indo ao trabalho ou indo à padaria. Ainda é cedo num clima doce, então eles devem ir para tomar café, acho. Eu vejo ninguém indo na mesma direção que eu. Talvez eu não tive sorte de achar alguém para ir no mesmo horário.
Posso ver a torre do relógio da universidade onde estou e é legal que será meu ponto de referência de distância, o que não é à toa que a chamam de Universidade do Relógio. Estou ansioso para chegar. Só de imaginar que estou estudando longe de tudo que tive e seguindo meu sonho é um prazer em colocar a vida em risco e saber o que realmente é o mundo que vivo. Imagino meu pai e avô rezando por mim, pedindo aos ancestrais para me proteger dos demônios que aparecem na estrada. Meu sorriso demonstra uma gratidão que não tem como esconder, não importa se as pessoas me olham estranho. Não estou envergonhado.
Apenas se eles descobrirem do Tanuki. Então minha vergonha será minha companhia.
Finalmente na universidade. Imensa com um lindo jardim, algumas pessoas entrando, outras conversando no lado de fora e o céu azul limpo para regozijar meu dia – de calor, obviamente. Mal posso esperar para ver a minha sala e conhecer as pessoas que vou estudar, mesmo se não fizer colegas. Eu caminho pelos corredores cruzando multidões, todos tentando achar suas classes, outros apenas conversando parados no caminho como se já se conhecessem. Isso estou impressionado. Eu imaginava que minha turma fique no segundo andar de acordo com as guias coladas nas paredes.
Zoologia... Andar de cima mesmo. Estava excitado para chegar, o que me fez acelerar os passos, subir a escada, cruzar mais pessoas tentando não tropeçar nelas até que uma mulher fez isso em mim. Talvez um acidente, nada mais. Eu já evitava procurar problemas, agora eles me encontraram. Quando nos tocamos e trocamos olhares, eu vi que era...
– Mika!
Nessa surpresa que meus olhos me pegaram! Era ela mesma!
– Vanz!
Quando nos encontramos novamente, nós abraçamos sem mais perguntas e delongas sem se importar com o mundo ao redor.
Ah... Mika! Uma raposa pura de pelagem albina como uma neve, cabelos com mechas rosas na ponta, olhos azuis que são um fogo que incendeia, o pelo tão bem escovado e sua atenção comigo é como um paraíso. Estudei com ela no ensino fundamental durante quatro anos e depois que nos separamos no ensino médio, eu nunca mais tive notícias dela. Eu tinha doze anos quando estudamos na mesma turma. E agora, pela benção do tempo, estamos nos vendo novamente com um coro nos rostos. Estou literamente tímido vendo-a novamente na mesma universidade que sonhei tanto em chegar. Era o único momento em ver ela.
Está bem! Estou exagerando demais. Eu tenho muitas oportunidades em vê-la agora que estudamos no mesmo lugar.
– Como você tem estado? – Perguntei olhando para ela depois do abraço. – Tantos anos distante.
– Eu estou bem. Eu não tive mais notícias da nossa velha turma de classe – ela sorri de volta passando a mão nos cabelos.
– Eu também não, mas me diga: o que está fazendo aqui? – a curiosidade era claramente grande.
– Vou estudar enfermagem. Eu tenho estudado para passar no vestibular e consegui.
– Que incrível!
É divertido descobrir e ouvir meu vocabulário quando estou com alguém que gosto demais. Parece que meu cérebro se esbarra em alguma parte e bagunça com ideias e frases que tento formar.
Além do mais, ela está sozinha, não está?
– Está morando sozinha aqui?
– Não. Meus avós moram aqui e estou com eles até me formar. Enfermagem é um curso longo.
– Eu sei. Tipo o meu – eu rio um pouco não sei por quê. – Estou fazendo zoologia.
– Sério? Sempre achei que você gosta de animais e de natureza. Eu lembro que você gostava de brincar com as plantas e me dizia sobre os animais e os comportamentos.
– Sim, você ainda lembra – com um vermelho formando no rosto de vergonha igual a cor do cabelo. Creio que meus olhos estavam brilhando alto que todos notavam a luz. – E você gostava de escutar.
– Você é um dos poucos homens que tive amizade.
– Sério? Nem lembrava disso.
Eu era lerdo quando estudávamos juntos? Nós rimos e começamos a lembrar dos velhos tempos e de muitos tempos que brincamos e ensinando a ela o que eu sabia de plantas. Acho que tive um bom gosto por botânica.
Ela disse que teve poucos amigos homens. Quem apenas eu lembro é um pastor alemão que amava me perturbar e zoar da minha cara. Eu sentia um bully descarado, o que me incomodava demais. Pelo menos, quando Mika e eu nos separamos, foi o mesmo efeito com o cachorro que não lembro o nome. Isso foi um enorme alívio porque ninguém mais me perturbava. Os poucos que tentaram desistiram de mim ou eu mesmo zoava eles quando possível como um contra-ataque. Nunca me senti confortável nesse tipo de brincadeira.
Esquece ele! É passado. Estou com minha amiga de volta. É muito confortável que conversamos como nos tempos de escola que tivemos. Eu estava sorrindo com ela enquanto ela me diz sobre sua vida durante a escola que a doce união foi quebrada até que escutei uma voz vindo atrás de mim chamando por ela. Era uma voz masculina, grave, parecendo reconhecer ela também. Olhei para trás só para ver quem seria o sortudo de nos encontrar.
O sujeito era alto, um pastor alemão de olhos puxados não como os meus, mas olhava surpreso ao nos ver. Como num estalo, eu lembrei do seu nome no momento que o vi.
– Kona?
Azar! Puro azar e louca memória!
Mika respondeu seu nome. Agora lembro quem ele é: o mesmo que me zoava na escola quando estudávamos juntos. Ele tem uma cara fechada como sempre, como se não gostasse de problemas – sendo ele o problema. Pior que isso são as garotas da sala terem um crush por ele. Como não sei. Só sabia que ele nos olhava. Eu ficava gelado, literalmente imaginando ter enormes problemas na universidade estudando com alguém que não gosto um pouco.
Nossos olhares se trocando, é obrigação infeliz de eu cumprimentar frio – no mau sentido ainda por cima.
– Oi... Kona.
– Você aqui, Vanz? – perguntou sem um sorriso no rosto, tão típico dele. Mas ficou surpreso igualmente. – Que surpresa!
– Realmente uma surpresa. Coincidência.
– Quanto tempo, Kona! Você também vai estudar aqui? – Mika puxou a pergunta.
– Sim. Eu e meus colegas alugamos um apartamento depois que passamos no vestibular – suas mãos no bolso e olhando para ela enquanto estou entre os dois, trocando olhares para quem falava muito. Minha alma congelada pela presença de alguém independente, inteligente e forte. – Vou estudar engenharia mecatrônica.
– Parece puxado o curso. Vou fazer enfermagem e o Vanz, zoologia.
Fiquei em choque ao escutar ela dizer meu curso. Kona me olhava tão sério que imaginava que eu encolheria só pelo seu olhar.
– Animais é tão a sua cara – seu comentário não sei se foi um elogio ou um desgosto.
– Sim... – eu gaguejava tímido. – Obrigado. Sempre gostei da vida animal.
– E flores.
– Plantas.
Eu corrigia seu comentário, o que não fez diferença para ele. Não posso aguentar encarar ele para sempre. Para minha benção, seus colegas o chamaram atrás de um povo. Eu lembro bem desses dois. Davi é um gambá baixinho e de boa, cabelo branco, rabo peludo, muito talentoso no baixo e o mais calmo dos três. Já Teodoro é um forte Bull terrier, mais alto que Kona, forte e extrovertido com as mulheres. É estranho e engraçado o trio que eles fazem.
– Eles estão me chamando – Kona olhava para trás. Eles acenavam para nós. Kona disse com uma voz forte como um desgosto. Para mim, é um alívio que eles chamam o cão bravo. – Tenho que ir. Foi um prazer te conhecer de volta, Mika – ele responde a ela.
– Digo o mesmo, Kona. Tenha uma boa aula – Os dois abraçaram, o que me deixou um tiquinho desconfortável.
– Obrigado – depois do abraço, ele me encarou e cutucou meu peito com o punho. – Boa sorte, animal.
– Obri... gado. Você também.
Ele se vira e caminha na direção dos seus colegas, acreditando que a aula está prestes a começar. Eu bufei quando ele estava ficando longe da gente não de raiva, mas de alívio. Ele me assusta, mesmo se nós crescemos e o tempo nos moldou.
Sério. Não consigo aguentar conviver com um bicho insuportável como Kona que só sabe me deixar no chão.
– Está tudo bem, Vanz?
– Estou. Só nunca gostei do Kona – suspiro virando para ela. – Ele é... não sei. Me sinto pequeno perto dele.
– Não se preocupa com isso. Kona não é tão mal quanto você pensa.
Assim espero. Ela parecia compreender meus sentimentos mesmo defendendo um bicho daquele. Ela olhava para mim com seus maravilhosos olhos que clareavam minha alma, abraçando seus livros, o puro pelo como que sem pecado. Sua presença seria o bastante para me trazer a perseverança.
Voltei aos pensamentos malucos.
– Eu sei, Mika. Olha... Obrigado.
Não sei se ela entendeu o motivo de eu agradecer, mas sorriu de volta, me queimando em pura paz.
Deus! Ela me traz alívio mais do que uma ioga ou chá!
– Eu tenho que ir para a aula, Vanz – ela comenta segurando firme os livros no peito.
– Entendi – suspiro sabendo da separação novamente. – Espero te ver de novo.
– Também espero, Vanz. Senti muita sua falta.
Ela disse isso mesmo? Sentiu minha falta? Mais que eu? Eu fiquei muito gelado onde senti nada da carne. Minha mente em tsunami de sonhos e olhos balançando tanto com as orelhas abaixadas.
– Sim... Sim, Mika. É um prazer te ver de volta.
– Eu sei. Tchau.
Ela sorriu para mim, damos um curto abraço, troca de beijos no rosto e se virou. Respondi igualmente com o “tchau” balançando as mãos depois, a língua perdendo firmeza.
Corado, corado e corado é como me sinto. Reencontrando a mulher que eu amava e era minha melhor amiga na vida inteira e um homem que era o meu pesadelo, duas coisas juntas, o estranho yin e yang. Agora eu vejo que essa aventura de nova vida será cheia de surpresas e consequências. Tanuki, Mika, Kona, universidade... Tudo no mesmo lugar a menos que outra surpresa caia do céu.
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