É o Tanuki! Como ele veio rápido para me salvar! Estou surpreso que um mágico desse sai de um portal e aparece do nada. Só não sorri porque ainda estava sentindo o peso da mão do monstro me apertar contra a grama. Meus ossos estão estalando e esse cheiro horrível com grama está uma perfeita combinação de péssima fragrância onde preciso de um banho.
Estou esperando por uma ação rápida vindo dele, mas tudo que presencio é uma troca de olhar estranha entre eles que não sei que criação de clima é essa.
– Quem se atreve a interromper minha caça? – deve ser uma piada me chamar de caça.
– Sou Ken Yoshihiro, o Guardião do Vento e você perturba o meu Mestre.
Como se ele fosse santo nesse quesito. Pelo menos, ele veio me salvar. O tal monstro soltou uma árdua risada que era feia e desconfortável. Tentava me mexer um pouco, mas nada.
Pelo menos, Vanz, ninguém está aqui te olhando. Está?
– Não me importo quem você é! – o monstro argumentou com um tipo de orgulho onde não sei da onde tira. – Essa raposa tem a linhagem sanguínea sagrada e cheiro a distância.
– Sério? Não me importo com suas teses. Você está machucando meu Mestre e peço para que o solte – desde quando Tanuki é sério, mesmo com esse sorriso ajudando em nada?
– Ninguém me dá ordens! – ele rosnou me apertando mais no chão. – Eu vou comer ele e vou me fortalecer!
Desde quando comer fortalece alguém? Parece argumento de criança para comer carne, alface e tomate para ficar “fortinho”. Tento levantar a cabeça e responder ao monstro ignorante.
– Está me machucando, idiota. Está me confundindo com...
– Quieto, Kitsune! – ele me interrompeu me pressionando no chão mais pesado ainda, me machucando e me fazendo gritar de dor.
– Para, Oni! – imediatamente Tanuki gritou. Ele poderia me salvar ao invés de dialogar. – Deixe-o em paz!
– Tire você mesmo de mim.
Olho para frente e vejo com dificuldade. O Oni, deve ser esse o nome, ria e me esmagava mais ainda. Não sei por quanto tempo vou aguentar debaixo dessa mão fedorenta e ser comido pela terra. Eu já chorava por um milagre. Tanuki caminhava calmamente até nós como se nada tivesse a temer, fazendo com que o Oni zombasse mais. Tanuki, segurando uma folha de árvore, lançou na direção do monstro e com uma insignificante planta foi o bastante para fazer um tufão, empurrando o Oni para trás e me libertando do almoço. Posso sentir os ossos livres, mas com dores. Esse troço me pressionou tanto que eu precisaria de uma mão para me levantar; o que aconteceu quando Tanuki correu até mim.
Graças a Deus que ele não me esmagou como queria.
– Você está bem, Mestre? – Tanuki segurava no meu braço e eu levantava com dificuldade.
– Claro que não! Ele queria me comer! – o que é loucura, mas não para ele.
– Onis são demônios sedentos por carnes.
– O que é um Oni?
Não havia tempo para perguntas que o tal Oni, sem saber se é nome mesmo, se levantou com uma ferocidade vindo dos olhos e rosnando com seus dentes feios, ameaçando com sua clave. Eu mesmo pude ver a saliva pingar de sua boca, me fazendo esconder atrás do Tanuki, assustado.
– Vocês, Onis, são todos ultrajantes – Tanuki zombou do monstro com um sorriso que senti o troco sendo devolvido.
– Bola de pelo insignificante! – ele resmungou. – Dê-me a carne!
– Falei para se afastar de mim.
Não sei porque me intrometi nesse meio de uma possível briga entre meu servo e o monstro.
Servo... alguma melhor palavra, Vanz? Se minha mente estivesse funcionando nessa hora...
– Você ouviu meu Mestre, Oni – Tanuki sendo meu porta-voz chegava a ser fantástico e na pior maneira. – Volte ao seu inferno.
– Não enquanto tiver a minha carne!
O Oni, que não sei mais se é nome ou espécie, avançou contra nós. Meus olhos abriam de medo e sentindo a dor vir pior. Tanuki, sem se preocupar, fez um gesto para eu me afastar enquanto ele daria uma lição nele. Pelo menos está merecendo ser punido com morte por querer me comer vivo. O Oni levantou sua clave e moveu para baixo, um ataque bruto para esmagar. Eu não caminhei; eu corri imaginando todo o tremor que faria de novo. Dito e feito. Senti a terra tremer e me virei para trás para ver o que aconteceu. Havia poeira levantando, ocultando quem ele era e vendo apenas a cara do bichão sobre a bagunça. Seu rosto estava sendo uma satisfação que tudo mudou para ira quando na poeira se via um corpo em baixo da clave com as mãos esticadas e pernas firmes no chão. Não estava acreditando que o gordo segurou um ataque tão pesado. Mesmo surpreso em quão poderoso e seguro Tanuki é, ainda não tenho total confiança da situação.
– Não está surpreso, está?
Tanuki ria do fracasso do Oni que rugiu de raiva e preparou para outro ataque, levantando a clave e movendo de lado, desejando com ferocidade acertar o oponente. Estou ficando tão preocupado com Tanuki que eu sentiria meu corpo se intrometer para ajudar, mas esse maluco estava tão seguro com a luta que ele garante derrotar fácil. Eu gostaria de saber onde ele acha tanta paciência e concentração numa situação dessa.
Pensando duas vezes, ele é imortal. Explicaria tudo.
Mesmo assim! Não explica tudo.
O Oni moveu a clave novamente para acertar como puder; o guaxinim apenas pulou no momento que a clave estava perto e deu um chute debaixo do queixo do monstro, jogando-o para trás até cair e uma nova poeira levantar. Estava em choque vendo a facilidade que Tanuki tem de mover além da velocidade. Só cobri os olhos com os braços para não cair terra nos olhos. O demônio se levantava mais bravo que antes. Ele avançou contra Tanuki de novo: esmagar, jogar, triturar, o que quer que tentasse; nada acertava o gordo mais rápido que um vento – para não dizer bala.
Como última tentativa, o Oni manuseou a clave de cima para baixo para esmagar de vez o infeliz, levantando mais poeira e bloqueando minha visão; agora estava difícil de vez para enxergar alguma cena. Até a poeira abaixar, o que eu pude ver era Tanuki, novamente, estar em cima da clave.
Será que esse monstro não cansa de tentar acertar?
Tanuki pulou até seu rosto e colocou a mão no nariz do bicho, deixando nós curiosos – eu e o bichão, no caso.
– Voe para o teu inferno.
Essas palavras de Tanuki soaram como um ato final. Fazendo um rápido movimento com uma mão enquanto a outra segurava o nariz, ele respirou e deu um sopro contra o monstro, fazendo um vendaval inesquecível e lançando o bicho ao infinito e além, desaparecendo no céu em segundos que não podia contar. Eu fiquei ajoelhado no chão com medo que esse vento me leve também.
Depois de uns segundos que, Graças a Deus, que o vendaval acabou e Tanuki pousou firme no chão, olhando para o céu enquanto algumas folhas o rodopiavam e outras voavam para onde o vento levar. Não posso acreditar que toda essa tempestade veio da boca do gordo.
Agora que eu poderia me levantar depois que tudo passou, mas ainda sentia as pernas tremerem e os olhos não acreditarem no que viram. Eu estava em absurdo choque e dor também.
– Cadê o bicho? – eu gritei para ele que se virou e veio me resgatar da ausência de ameaça. Olhando para sua roupa, ele não parece sujo e nem suado, o que é mais inacreditável ainda. – Onde ele está? Matou ele?
– Enviei ele para um lugar melhor – ele pegava no meu braço e puxava para levantar. – Está bem? Ele te machucou muito?
– Como você fez isso? – foi o que de cara perguntei quando fiquei em pé. – Não está machucado?
– Estou muito bem e foi fácil. Onis são demônios tapados para ter estratégia e ficam estressados fácil.
Ainda não sei se Oni é espécie ou nome. Devo incluir como estranho nome japonês, se for mesmo um. No momento, estou com medo não do demônio, mas se alguém ouviu ou testemunhou a cena. Um barulho alto que tremeu a terra só se fossem ignorantes para não terem ouvido, o que duvido. Eu já estava puxando Tanuki para sair daquele beco.
– Melhor voltarmos ao apartamento. Falaremos sobre esse bicho lá onde é seguro.
– Você está seguro comigo, Mestre – essa resposta reagi com minhas mãos pesarem suas bochechas e puxar, olhando friamente.
– Não, Tanuki! Se alguém descobrir a gente estamos encrencados.
– Ah é? – ele tentou falar de mau jeito. – Entendi. Melhor voltarmos ao esconderijo.
Esconderijo, zona segura, área secreta, floresta, que seja! Ele entendeu! Só quero voltar ao apartamento e esquecer desse atentado. Agora é saber qual o caminho para chegar no meu apartamento.
Também queria saber como que Tanuki descobriu onde eu estava. Ele estava me seguindo em segredo?
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