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Fatalismo - Livro Um - A Era Dos Lobos

Capítulo 10

Capítulo 10

Mar 01, 2023

O vento frio que bate na janela da guarita produz um som que deixa a única pessoa dentro dela impaciente. O pé bate no chão descompassadamente, enquanto ela olha para os lados em busca de algo que alcance sua visão e distraia sua mente do frio característico nas regiões de maior altitude em Nova São Paulo do Sul, e que está impregnado em seu uniforme feito de Marfim Fantasma.

De onde está, consegue avistar a foz de um imenso rio que percorre toda a nação. Mesmo distante de onde há concentração populacional, consegue reconhecer as consequências negativas do cataclismo ambiental. As águas envenenadas, de cor magenta, contrastam na paisagem desértica e sem vida que é característica das fronteiras de Nova São Paulo do Sul.

Na guarita em que está, encontra-se num ponto distante ao norte do Vale Histórico. Sobre o imenso muro da fronteira, ela contempla a imensa região marginal que, no passado, foi abandonada por ter se tornado terra infértil e inabitável devido à concentração elevada de veneno MG.N.8 no ar. Hoje, a Alcateia e empresas parceiras tentam recuperar esses solos para preservarem, bem distantes do contato humano, espécimes de fauna e flora. 

Do lado de dentro da fronteira, ela possui a visão distante do campus e das concentrações de edifícios históricos que compõem as academias da nação. Nesse dia, sabe que não será incomodada no local. Ansiosa por estar de pé ali, retira a sua máscara e, em seguida, acende um cigarro. Após algumas tragadas, sopra a fumaça, se concentrando apenas em relaxar, mas é pega de surpresa pela chegada de um visitante inesperado.

Em uma pilastra próxima a ela, pousa uma ave de porte pequeno, que emite seu canto como se estivesse a procura de algo. Faz anos que não ouve e ou presencia a companhia de um animal.

― Ei, camarada, como você conseguiu chegar aqui? ― Diz ela com calma, tentando se aproximar da ave e jogando pequenos pedaços de ração que mantinha consigo.
― Aqui, pode comer. Você deve ter vindo de muito longe. Se passou pelo sul, deve ter notado a cagada que fizemos com esse local, né, e se veio do norte, eu te aconselho a voltar para lá, não há mais nada aqui para nenhum de nós.
― É melhor seguir os conselhos dela, passarinho.

A mulher se assusta e se queima com o cigarro e consequentemente espanta a ave para longe. Rapidamente repõe a máscara no rosto e se vira para constatar que, finalmente, quem ela estava esperando acabara de chegar.

― Bom dia, minha capitã. ― Disse um homem muito alto, de dorso largo, e fardado, com um sobretudo que cobre o uniforme, igual ao seu.

Ele se aproxima, bate continência e em seguida lhe dá um abraço.

― Por favor, Lucca, já lhe pedi para me chamar apenas de Raquel. ― Diz ela, em grego, enquanto retribui o cumprimento.

― Me desculpe por ter espantado o seu visitante, um desses é um achado aqui na sua terra.
― Tem notícias, meu amigo?
― Porque estamos conversando em grego? Não é arriscado algum outro soldado se aproximar de nós e suspeitar do que estamos falando?
― Você acha que esses soldadinhos irão enfrentar uma capitã? Além disso, eles são burros demais para entender ou buscar saber do que se trata a nossa conversa, é melhor assim. Esses caras cresceram ambicionando ser iguais ao IV Líder Alfa. Se contentam em falarem apenas o português e concentram todo o seu Q.I para aprender a atirar e agir com marra. Não conseguem enxergar que são levados a estar aqui por falta de opção na vida, somente para servir aos que lhes mantém na mesma condição.
― Um pensamento ousado para quem está lidando com gente perigosa, Raquel.
― Eu passei a minha vida toda lidando com essas pessoas, Lucca.
― Pois é, finalmente aconteceu, nós acionamos o gatilho.
― O que traz para mim hoje?

Lucca se aproxima dela, abre a lateral de seu sobretudo e retira um pacote totalmente embalado e amarrado.

― Eu trouxe um pouco de alimento para você, capitã.
― Cuidou para isso não ser rastreado?
― A Madalena e o Eron passaram a noite revisando tudo para que não haja nenhum vestígio ou trilha que ligue o plano à gente.
― Você viu pela TV? Eles não esboçaram, mas estão loucos com o que aconteceu na Cidade Gestora. Esses caras cresceram tanto sob o próprio orgulho, se acreditando imbatíveis, que foram pegos de surpresa no próprio playground.
― Houve mais baixas que o esperado, já que nossa intenção era apenas dar um susto na Alcateia. Mesmo com a explosão programada para um horário em que o local estava sem civis, reservado apenas para o discurso do IV líder, ainda assim houve feridos e mortos.
― Eu ouvi. Falhamos em algum ponto do plano, Lucca. É isso o que acontece quando remamos contra uma onda gigante que é a Alcateia. Esse erro não pode acontecer de novo.
― Estávamos correndo contra o tempo, Raquel, todos nós fomos pegos de surpresa pela decisão recente deles. Precisávamos dar um susto para atrasálos um pouco.
― Agora eles nos chamam de terroristas, atentando contra a nação. Não se engane com esse discurso, Lucca, tudo o que fazemos é para salvar Nova São Paulo do Sul.
― Você vai conferir o pacote? Quer saber se fizemos o dever de casa direitinho?
― Agora não, daqui a pouco eu faço isso. Tem notícias da Paola?
― Ela está em missão no Vale das Ruínas. A transferência para aquela área está exigindo mais do nosso tempo operacional do que esperávamos.
― É melhor evitarmos contato até a poeira dos acontecimentos de ontem abaixarem. Quando eu for transferida de vez para o sul, será mais fácil darmos continuidade à nossa missão principal.
― Você já tem ideia de quando irá se reunir conosco por lá?
― Ainda não, mas creio que logo. Já fui contatada pelos marechais. O nosso plano precisa que essa etapa transcorra bem para que eu obtenha mais informações, ninguém pode suspeitar de mim.
― As chances de suspeitarem de você são baixas.
― Mas não inexistentes. Faz poucos meses que voltei de missão no exterior, passei anos lá. Ainda não sou uma pessoa de total confiança para guardar os segredos da nação.
― O que eu e o restante da equipe faremos até você se juntar a nós?
― Hoje à noite eu revisarei tudo que vocês me entregaram, para que nossas próximas ações causem o máximo de impacto, com o mínimo de perdas possíveis. Se eles ficaram confusos com um ataque, imagine com outros subsequentes?
― Será que conseguiremos agir a tempo?
― Eu não sei, Lucca. A única certeza que eu tenho desde que fui enviada em missão para o exterior, quando lhe conheci e tive ciência de como é o mundo fora desses muros, é a de que há algo podre acontecendo por baixo dessa nação. Precisamos descobrir o motivo disso.
― Eu tenho asilo político no Império Urso, não podem fazer nada sério contra mim, mas podem contra você. Me preocupo com a sua segurança e do restante da equipe.
― Nós estamos no mesmo barco, Lucca. Agora volte pela rota oeste, aquele lado da fronteira é mais negligenciado. É melhor evitar que você seja gravado pelas mesmas câmeras que filmaram a sua chegada. Eu ficarei mais um pouco.
― Se cuida, e aguardo contato, Raquel.

Ele se despede com uma intimidade além da que é esperada de um subordinado. Após um demorado abraço, Lucca apenas acena com a cabeça e sai da área da guarita.

Raquel acende mais um cigarro e encara o pacote que recebera do amigo. Após alguns segundos, abre o embrulho e percebe papéis que embalam algumas frutas industrializadas. Ela ri sozinha da atenção de Lucca. Assim que desembrulha e lê todos os papéis, Raquel pega seu isqueiro, os queima e deixa que as cinzas sejam espalhadas pelo vento para além das fronteiras do Vale Histórico. Ela então caminha em direção à saída com um pensamento em mente, enquanto morde e se alimenta das frutas dadas pelo amigo. 
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