Please note that Tapas no longer supports Internet Explorer.
We recommend upgrading to the latest Microsoft Edge, Google Chrome, or Firefox.
Home
Comics
Novels
Community
Mature
More
Help Discord Forums Newsfeed Contact Merch Shop
Publish
Home
Comics
Novels
Community
Mature
More
Help Discord Forums Newsfeed Contact Merch Shop
__anonymous__
__anonymous__
0
  • Publish
  • Ink shop
  • Redeem code
  • Settings
  • Log out

Fatalismo - Livro Um - A Era Dos Lobos

Capítulo 13

Capítulo 13

Mar 10, 2023

O chacoalhar das pílulas ecoa enquanto o frasco é aberto. A mão que treme gira a tampa ao mesmo tempo em que Gabriel encara seu fraco reflexo pelo vidro da janela do quarto. De pé, seu corpo está presente, mas sua mente se encontra longe dali. Está novamente no mesmo vagão de dias atrás, onde vivenciou um momento real ou de delírio. Era o Hugo a pessoa que ele viu? Será que o uso desmedido de Bluebird está afetando o seu discernimento?

Devido ao recente ataque noticiado como ato terrorista, as aulas entraram em recesso por algumas semanas. Aparentemente, a palavra de ordem dada pelo IV Líder Alfa é evitar o excesso de pessoas transitando entre as diferentes áreas de Nova São Paulo do Sul até que haja mais informações sobre o ocorrido. Com um pai ausente e tomado pelo sentimento de saudade do amigo e namorado desaparecido, Gabriel se encontra totalmente só.

O consolo está unicamente nos efeitos provocados pelo remédio, cujo consumo já saiu de controle. Enquanto seu pai passa os dias trabalhando, Gabriel dorme. O inverso ocorre quando Dr. Cláudio volta para dormir e descansar, e Gabriel permanece desperto, ansioso. Ao encarar alguns dos frascos de remédio vazios pelo chão, Gabriel entende que a única conexão dessa experiência de rever Hugo só foi possível graças à ida até o Centro Operacional da Alcateia para a retirada de mais Bluebird.

O ócio lhe impulsiona a retornar lá. As aulas estão canceladas, mas isso não significa que está proibido de circular pelas ruas. A segurança pública continua metódica e altamente armada, como sempre. Por ser o filho de um diplomata, o trânsito entre as áreas é menos complicado. Sendo assim, mesmo dopado além do tolerável, Gabriel segue rumo ao Centro Operacional da Alcateia.

Dentro do vagão as pessoas passam por ele, que não as nota, não quer prestar atenção. Sua mente está dividida entre a compreensão da verdade, na busca de um lapso de prova ou de memória de seu namorado, e das sensações atordoantes da medicação. O movimento do trem, vultos e vozes indicam a Gabriel os locais por onde passa.

Em tentativas vãs de se manter concentrado e acordado, ele chama atenção para si próprio dentro do vagão. Olhares sóbrios e apáticos o fitam em julgamento silencioso enquanto, ao encará-los de volta, apenas contempla imagens distorcidas.

Novamente, em uma das estações, um aviso de alerta no vagão sinaliza que ficarão parados por um tempo indeterminado, porém tempo suficiente para a entrada no trem de dois lobos da Alcateia.

Aos olhos de Gabriel, são apenas dois vultos que caminham em sua direção. ― Fique Calmo. ― Ele pensa.

Até que desce pela lateral esquerda de sua face, uma gelada gota de suor que desperta em sua mente o gatilho das recordações da morte que outrora testemunhou. É então tomado pelo pânico tão rapidamente que se levanta e tenta correr, mesmo desnorteado e entorpecido, mas não rápido a ponto de escapar dos dois lobos.

Gabriel é puxado pela gola de sua camisa e jogado no chão do vagão. O impacto é tanto que a mangueira do filtro de ar ligado à sua máscara se solta. Enquanto tenta reconectar as peças, tonto e sem sucesso, um golpe em sua cabeça é suficiente para deixar seu rosto coberto de sangue enquanto que o mundo gira diante de seus olhos.

― Porque correu, seu imundo? ― O lobo grita enquanto o imobiliza.
― Eu não sei de nada, só saí para buscar os meus remédios.
― Olha o seu estado de merda! Acha que vou cair nessa desculpa, seu viciado? Sou eu quem vai dizer o que você estava fazendo e para aonde vai daqui a pouco. Verifique a identidade e a condição dele, soldado. ― Ordenou um dos lobos, direcionando-se para o outro.

Toda a cena que presenciou várias semanas atrás tomou uma forma realista e viva na imaginação de Gabriel. Ele sangra enquanto o segundo lobo aponta uma luz em direção a sua pupila. Poucos segundos são suficientes para que todos os dados civis de Gabriel sejam acessados por eles.

― Jovem, estudante, último ano na academia. Possui dezenove anos de idade e reside na Cidade Modelo. A mãe é falecida e o pai diplomata. Nenhum registro pregresso de perturbação da ordem. Aparentemente o histórico dele é limpo.
― Se ele não tem o que temer, então porque fugiu da gente? Faça a checagem do sangue dele.

Gabriel não tentou nenhum movimento. O medo misturado com sua embriaguez faz com que vomite sobre si, ato este que afasta os lobos dele.

― Esse viciado está tão na merda que não consegue nem se limpar.
― Isso é estranho, saiu o resultado do exame de sangue e não há sinal de níveis elevados de envenenamento.
― Então porque ele está assim, parecendo um projeto de infrator?
― Aqui diz que não há níveis elevados de veneno no sangue, mas há uma taxa três vezes maior que a permitida de Bluebird em seu organismo.
― Então é por isso que ele está assim. Já não basta um possível terrorista em nossa cola, agora temos que lidar também com viciados? Que merda!

O lobo extravasa o seu último suspiro de raiva desferindo mais um chute no já derrotado Gabriel.

― Vamos retirar ele daqui e levá-lo preso, se não tinha o histórico sujo, hoje será o batizado dele.

Enquanto algemam Gabriel e se preparam para carregá-lo, um dos passageiros sentado próximo a eles levanta o braço com o dedo apontado, indicando a janela atrás deles.

Ao olhar para a direção sinalizada, todos dentro do vagão encaram uma cena que se assemelha a uma forte tempestade de areia se aproximando. Ao sentirem o chão tremer, percebem que pode se tratar além de uma tempestade.

― O que está acontecendo? Será que...

Apenas essas palavras foi o que o lobo conseguiu proferir, pois sua fala é cortada pelo som de uma forte explosão.

Mais tremores ocorrem seguidos de explosões. Uma imensa cortina de fumaça, poeira e terra se levanta, bloqueando toda a visão ao redor. Dano suficiente para gerar um súbito apagão e acionar no trem e na estação os alertas de emergência e evacuação.

Toda a estação fica abarrotada de pessoas que saem rapidamente dos vagões enquanto tentam passar pelas saídas da emergência. Os operários que trabalham no local não conseguem conter de forma ordenada o avanço das pessoas que se movem como formigas assustadas tentando passar por uma única fresta.

Os lobos que puxam Gabriel algemado tentam avançar empurrando e agredindo os civis. Mais sons de explosões fazem com que todos sejam tomados pela sensação de que estão cada vez mais próximos do ponto de origem do barulho e dos tremores.

Uma mensagem é acionada diretamente para os lobos ali presentes. É necessário que todos ao redor das coordenadas atingidas pelas explosões se apresentem para reforçar a segurança.

Olhando para Gabriel, que naquele estado é mais um fardo em seus ombros, um dos militares se vira para o outro.

― Vamos embora, não podemos perder tempo com esse peso morto.

Retira sua arma do coldre, destrava e, enquanto mira em direção ao peito de Gabriel, uma movimentação brusca vinda da aglomeração de pessoas empurra o lobo de maneira que a arma dispara, mas o tiro acerta as costelas de Gabriel. O barulho do disparo desencadeia uma nova correria dentro da estação.

― Deixe-o caído. Azar ele não morrer agora e rápido, vai morrer lentamente aqui, sem receber ajuda.

Os lobos se recompõem e aproveitam a correria para sumir no meio da multidão.

Mesmo desnorteado, Gabriel sente fortemente a dor do tiro. Jogado no chão, sangra até que um jovem operário se aproxima dele, o levanta e o carrega em seu colo. Caminhando na direção oposta à do fluxo de pessoas, ele carrega Gabriel até parar próximo a um dos vagões já abandonados. O operário retira do bolso o que parece ser uma seringa e ali mesmo, injeta a agulha em Gabriel que, segundos após gemer de dor, apaga sem sinais aparentes.

O caos que tomou conta da estação é dissipado após civis fugirem pelas saídas em direção contrária ao da origem das explosões. Em contrapartida, em meio à fumaça e poeira, caminha um operário passando pelo local de destruição, carregando Gabriel desacordado em seus braços.
custom banner
garrelart
GA.rrel

Creator

Comments (0)

See all
Add a comment

Recommendation for you

  • Touch

    Recommendation

    Touch

    BL 15.5k likes

  • The Last Story

    Recommendation

    The Last Story

    GL 43 likes

  • Blood Moon

    Recommendation

    Blood Moon

    BL 47.6k likes

  • Secunda

    Recommendation

    Secunda

    Romance Fantasy 43.3k likes

  • Invisible Boy

    Recommendation

    Invisible Boy

    LGBTQ+ 11.4k likes

  • What Makes a Monster

    Recommendation

    What Makes a Monster

    BL 75.3k likes

  • feeling lucky

    Feeling lucky

    Random series you may like

Fatalismo - Livro Um - A Era Dos Lobos
Fatalismo - Livro Um - A Era Dos Lobos

1.9k views17 subscribers

Gabriel seguia rumo a mais um dia rotineiro de sua vida, até que sofre o impacto da informação de que o seu namorado Hugo está foragido e é caçado por toda Nova São Paulo do Sul, uma nação que nasceu das cinzas do cataclismo ambiental e que se tornou lar hostil para ele e milhares de civis. Como se não bastasse lidar com o ar envenenado, a dependência coletiva de drogas e a violência extrema da alcateia, os dois jovens são envolvidos em uma avalanche de situações que abalam todas as esferas de poder da nação e revelam segredos obscuros que colocam em risco a vida de toda a população.
Como ambos serão capazes de escapar da ditadura em que vivem, e de obter poder suficiente, para confrontar a realidade perversa a que estão submetidos diariamente?
Subscribe

31 episodes

Capítulo 13

Capítulo 13

80 views 0 likes 0 comments


Style
More
Like
List
Comment

Prev
Next

Full
Exit
0
0
Prev
Next