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Fatalismo - Livro Um - A Era Dos Lobos

Capítulo 15

Capítulo 15

Mar 16, 2023

Há dias um intenso frio predomina no lado norte da Cidade Modelo. Uma grande concentração de nuvens tóxicas mantém o céu amarelado naquela região, somado aos últimos acontecimentos na Nação, tem feito a população se abster de sair às ruas sem motivos essenciais como alguns trabalhos, aulas para os formandos da academia e outros compromissos burocráticos importantes.

Ao andar, Gabriel evita contato visual direto com os lobos que patrulham as ruas. Passaram-se dias desde que foi salvo por Hugo após ser vítima de um ataque. Seu emocional tem passado por altos e baixos há semanas, mas o fato ter reencontrado Hugo já tirara um peso enorme de sua mente.

Enquanto volta para casa, Gabriel sua frio por baixo de suas bata e manta. Não por medo dos lobos ou pela possibilidade de estar com o seu organismo envenenado, mas pelo efeito da abstinência provocada pela Bluebird. Qualquer exame básico feito por lobos informará que está com níveis baixos da droga no corpo, o que não é aceitável pelo departamento de saúde de Nova São Paulo do Sul.

Ele sente o impacto da diferença de realidade entre quem passa os dias dopado pela Bluebird e quem não está sob o efeito dela. Gabriel se questiona por que a população é obrigada a usar essa droga diariamente, enquanto essa mesma ordem não parece ser aplicada na Alcateia.

Faltam poucos metros até que Gabriel chegue ao quarteirão onde vive com o seu pai. Devido ao emprego do pai, Gabriel está acostumado a presenciar um movimento maior de lobos ao redor do quarteirão, porém os ataques recorrentes em Nova São Paulo do Sul provocaram uma onda oculta de medo, o que tornou nítido o reforço da segurança ao redor de residências e edifícios onde vivem pessoas que exercem algum papel mais importante para a nação.

Gabriel não gosta de onde vive. Ele se mudou com seu pai após a morte da mãe. Afundando-se nos trabalhos e na promoção de carreira, seu pai se tornou um homem completamente sóbrio, quase avesso às distrações emocionais. Gabriel o vê apenas esporadicamente em casa, tal a frequência em que ele sai e passa horas, às vezes dias, trabalhando fora.

Ao chegar em casa, Gabriel não sabe o que fazer. Será que seu sumiço fora notado? Dona Célia não tem permissão para entrar em seu quarto, ele mantém a porta trancada e, por isso, mesmo que ela suspeite de sua ausência, não terá como comprovar. Já seu pai, provavelmente está mais ocupado trabalhando do que percebendo sua ausência.

Logo na entrada, Gabriel encontra uma figura familiar. Vestindo um uniforme de operário, mais limpo e com pequenos detalhes customizados, e um filtro de ar e máscara mais simples, padrão fornecido para esses tipos de trabalhadores, um senhor com feições envelhecidas, abre a porta de entrada para Gabriel.

― Bom dia, senhor Sérgio.
― Bom dia, doutor Gabriel, eu notei que você andou sumido pelos últimos dias. Acompanhou seu pai nas andanças de trabalho dele?
― Sr. Sérgio, eu já lhe pedi para não me chamar de doutor. Eu não faço nada para merecer ser chamado assim, nem estudo o suficiente para tal.
― Você não é agora, mas eu acredito que um dia vai ser tão importante quanto o seu pai.

Gabriel quer seguir rapidamente em direção ao elevador, mas ao mesmo tempo hesita, então se volta para o porteiro que o recebeu.

― Sr. Sérgio, sabe me dizer se meu pai está em casa ou ausente, a trabalho?
― Ihhh, doutor, eu não sei quando o seu pai voltou, apenas sei que ele está em casa e hoje vocês vão receber alguma visita importante. O quarteirão inteiro está com segurança reforçada e o prédio já recebeu várias vistorias e fiscalizações.

Gabriel inspira fundo após ouvir a resposta que menos esperava.

― Obrigado, tenha um bom dia de trabalho, Sr. Sérgio. Acenando e se despedindo do porteiro, Gabriel se prepara mentalmente para a possível conversa que terá quando adentrar à casa. O que poderá acontecer com ele depois de vários dias longe?
― Mantenha a calma. ― Ele repete mentalmente para si próprio.

Ao girar a maçaneta e entrar na sala, Gabriel se depara, espantado, com a cena que acontece em seu apartamento. Várias pessoas, de operários a serventes estão em um ritmo enérgico, arrumando, decorando e mudando toda a mobília de lugar.

Gabriel paralisa por quase um minuto, enquanto busca entender o que acontece. Não vira essas pessoas antes em sua casa. A família nunca precisou de tanta gente para fazer qualquer coisa ali. Ele dá passos lentos, abaixa a máscara e respira, ofegante, com um olhar curioso, até que é abordado por um lobo que veio dos fundos da sala em sua direção.

― Por favor, jovem, eu preciso que você se identifique.

Essas palavras ativam um gatilho de pânico em Gabriel, fazendo com que relembre de tudo o que aconteceu dias atrás.

― Esta é a minha casa, você é quem precisa me dar uma explicação do que está acontecendo por aqui.

Enquanto disfarça o nervosismo, mantém a postura e permanece encarando o lobo.

― Pode deixar ele passar, é o meu filho. ― Foram as palavras, vindas do fundo do corredor que liga os outros cômodos ao centro da sala.

Caminhando em sua direção e parando diante de ambos, o pai de Gabriel acena para o lobo em sinal de dispensa. 

― Desculpe-me, doutor Cláudio, como não o vi circulando por aqui desde ontem, pensei que pudesse ser uma pessoa estranha.
― Tudo bem, soldado, você só faz o seu trabalho. Meu filho esteve fora de casa, visitando o avô que vive sozinho na Colmeia. Agora, por favor, verifique para mim se as janelas do meu escritório foram reforçadas e estão seguras. ― Sim, senhor, vou verificar agora mesmo.
― Venha, meu filho.

Gabriel toma consciência de que precisará argumentar muito bem para sair de uma possível encruzilhada. Sente a mão de seu pai apertando o seu ombro com força enquanto caminha pelo corredor em direção ao quarto. Assim que fecha a porta, antes mesmo de esboçar qualquer palavra, Gabriel é atingido no rosto por um forte tapa de seu pai.

― Você vai ficar calado e ouvir tudo o que vou lhe dizer agora. Eu não pretendo discutir neste momento a respeito do seu sumiço dos últimos dias e muito menos sobre o seu péssimo comportamento dentro dessa casa. Você acha que eu não percebo, ou que a Célia não se importa, mas tenha ciência de que já sei que você tem abusado dos remédios e do tempo que eu sacrifico por essa casa. A partir de hoje você vai me obedecer! Nós receberemos visitas importantes esta noite e você colocará sua melhor roupa, que eu já separei para você. Não quero ouvir nenhuma palavra sua interrompendo o jantar, a não ser que seja solicitado a falar. A propósito, também não quero que você saia deste quarto até que as visitas cheguem e o jantar comece. Use esse tempo para tomar um banho e se recompor, você está com cara de projeto de infrator.

Pela primeira vez na vida de Gabriel, presencia seu pai alterado desse jeito. Ainda está em choque pelo tapa, e por isso sequer consegue pensar em uma resposta para tudo que ouviu. Cláudio cerra os punhos, que tremem em direção à própria boca, mas passa a mão sobre a testa e então dá as costas para o filho, deixando-o sozinho no quarto.

Gabriel quer chorar, porém nenhuma lágrima escorre por sua face. Sente muita raiva, mas sabe que aquele não é o momento ideal para revidar. Não pode arriscar Hugo e os motivos pelos quais esteve ausente de casa. Se fosse há duas semanas atrás, Gabriel correria em direção ao frasco de Bluebird sobre a mesa de estudo. Buscaria, imploraria por aquela sensação que lhe toma de si próprio.

― Mas não hoje. ― Afirma para si mesmo.

Tudo o que faz é apagar as luzes do quarto, fechar as cortinas e deitar na cama até que se acalme. Horas depois, como seu pai ordenara, Gabriel termina de se arrumar e é convocado para fazer presença no jantar, as visitas acabavam de chegar.

Ele acredita que o seu dia não pode lhe surpreender e nem piorar, mas se engana. Agora entende o porquê de tanta vigilância e segurança na casa e seu entorno. Compreende o peso da mão de seu pai sobre seu ombro, mais cedo. Não é qualquer visita que recebem, e Gabriel tem pela certeza de que a mão que seu pai aperta em cumprimento nesta noite é a do IV Líder Alfa.
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