O despertador parecia uma agulha perfurando seus ouvidos, desejava arremessar o objeto longe mas lembrou do fato de que hoje seria seu primeiro dia de aula e precisava acordar. Sendo às 5:30 da manhã ou não, precisava ao menos escolher uma roupa básica para não passar vergonha na frente de seus colegas. Observando de relance o telefone o relógio apontava as 7:30.
“MERDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!”
Pensou desesperado pulando da cama enquanto arrancava qualquer peça do guarda roupa e vestia suas botas de plataforma da demonia boots, arrancou a mochila de ursinho que estava em cima da escrivaninha e correu para cozinha pequena, pegou uma torrada qualquer enfiando na boca e saindo às pressas do apartamento.
— Bom dia Yuji! — O porteiro disse ao vê-lo atrasado, novamente. — Assim você vai ser demitido.
— Dessa vez é a faculdade! E não me deseje isso, Sherman! Bom dia!
Pegando sua bicicleta, passou a pedalar em direção ao colégio tentando se alimentar da torrada, visto que ainda sonolento era difícil conciliar todas as tarefas.
“Merda, merda, merda, merda, merda, merda! ” – Era a única coisa que passava pela sua cabeça, até ser golpeado e cair no chão voltando ao mundo real por alguns segundos, que pareceram o inferno.
— Puta que pariu! Olha por onde anda!
A voz grave soou um incomodo e Yuji revirou os olhos.
— Você quase me atropelou! Seu troglodita! — Se levantou raivoso.
O outro retirou o capacete revelando os olhos verdes brilhantes o cabelo espetado de gel, “como ele conseguiu colocar um capacete nisso? ” Instantaneamente pensou Yuji.
— EI! Pera-lá, você entrou na frente da minha com essa bicicletinha ai seu nanico! - Yuji riu incrédulo.
— Você quase destruiu minha Vetement e OLHA O QUE VOCÊ FEZ NA MINHA BICLETA!
Exclamou o baixinho ao ver a bicicleta quebrada, indo até o outro ainda parado a ponto de soca-lo.
— Ei porra! Vão ficar aí o dia todo? — Exclamou um motorista alheio, ao ver que a discussão havia tomado tempo demais.
— E Lá se vai todo meu salário de meio período.
Resmungou o baixinho arrancando a bicicleta dali, enquanto xingava o desconhecido e apressava os passos ao menos para chegar cedo na faculdade.
— Porra! - Era seu primeiro dia de aula e tudo parecia dar errado, ofegou baixinho ao ver seu irmão mais velho, Yukio, na frente da instituição com o insuportável sorriso debochado nos lábios. Chegou mais perto ouvindo ele cassoar da bicicleta.
— O que aconteceu com você? Está ta horrível. - Questionou rindo da situação, enquanto tentava ajeitar a gola da camisa do irmão mais novo, que por sua vez revirou os olhos bufando ao se afastar.
— Um troglodita me atropelou há uns 2 quilometros daqui! E ele ainda me culpou, e quase destruiu minha vetements.
— Você veio pedalando com essas botas?
— Vim, porque?
— É por isso que a mamãe disse que você é um perigo andando sozinho.
— Que tipo de irmão é você?
— O irmão que veio dizer que você tá atrasado para o seu primeiro dia de aula e que sua aula começou a sei lá, uns 10 minutos!
— Seu idiota!
Yuji socou o ombro do irmão um pouco mais alto que ele, jogando a bicicleta no bicicleteiro e saiu pisando forte entrando no instituto, um pouco perdido.
Praguejou subindo algumas escadas dando conta do quão burro era. Precisou se esforçar para não acabar se chocando contra os outros alunos, os corredores estavam cheios e a rapidez com que seus pés caminhavam era perigosa de mais.
Andou até uma aluna parando-a, não tinha outra opção, fora a única que de algum jeito lhe entregou um contato visual aparentemente.
— O que quer? - Questionou demonstrando imediatamente seu temperamento ranzinza. — Só podia ser calouro mesmo.
— Oh! Onde fica o setor de artes visuais e essas coisas?
— Ah! Você segue o corredor e dobra até chegar ali ó! – Apontou e checou algo no telefone. — Você está bem atrasadinho!
— Valeu, eu, eu sou Yuji, Yuji Furaki. – Soou tímido, voltando a apressar seus passos em direção a sala.
— Eu sou Julia Barbosa, agora se apresse, vai para sua aula moleque!
Yuji deu de ombros e continuou seu caminho até o corredor, batendo na porta para entrar sem confirmação.
Dentro da sala notou um ambiente cheio, limpou a garganta pronto para se desculpar, mas foi impedido pela voz de seu professor.
— Pode se sentar ali.
Apontou o professor para um lugar vago e Yuji direcionou o olhar arregalando os olhos que foram sustentados pelos de nuance verdes. Em uníssono gritaram os dois.
— VOCÊ!!
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